“A espada [adicada] ao Senhor está cheia de sangue…porque o Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom” (Isaac, 34:6)
A maioria dos rabinos têm-se desembaraçado de Deus. O seu Deus é um subordinado que debe estar agradecido de qualquer ínfima atenção que se lhe preste. Não se agarda que tenha influência alguma nos assuntos cotidianos e, portanto, não infunde temor. De terem temor de Deus, os rabinos teriam seguido os seus preceptos, e não as instrucções do Governo. Por que os rabinos não chamaram aos judeus a combater contra o Governo ante a destrucção de Gush Katif? Pois porque os rabinos não contemplam o mandamento de conquistar Canaan ou estabelecer um Estado judeu como algo vinculante. São escépticos daquele antigo camarada, Josué bin Nun, que conquistou esta terra. Pode que fosse porque ele recebeu um mandamento; eles não. Os rabinos exigem miragres, como a de um Messias sobrenatural, porque não acreditam nas palavras da Torá. Os mandamentos não os persuadem; os rabinos sabem quan rapidamente o Talmud é capaz de tergiversar os mandamentos. De facto, a Torá ocupa para eles um lugar secundário por detrás dos sábios –aos que, por certo, eles também ré-interpretam à sua maneira. Se os rabinos acreditam que os mandamentos são divinos e as palavras entram por uma orelha e saim por outra, para que querem um Messias? Mas eles não acreditam que os mandamentos sejam miragres –e exigem que a miragre tenha lugar diante dos seus olhos. Deus, porém, tende a realizar as miragres sem violar as leis da natureza. Qualquer miragre pode ser explicada. Os expertos são capazes de explicar persuasivamente como o Mar Vermelho partiu em dois de forma natural. A supervivência judea ao Holocausto é atribuída ao açar, e as vitórias de Israel contra os exércitos árabes à superioridade táctica.
Meir Kahane aproximava-se ao prototipo do Messias tão de perto como é possível imaginar: um gênio, um líder carismático, um homem de religião e de guerra, que sofreu, humilhado, condeado a morte pelos líderes judeus, e assassinado por um árabe edomita. Os rabinos talmúdicos também chamavam aos romanos edomitas. Se vinher o Messias e fosse reconhecido, seguiriam-no os judeus? A pergunta não é retórica. Montões de chabadniks consideram ao Rabino Lubavitcher, o Messias. Numa clara violação do mandamento que proíbe a idolatria, colocam a foto do Rabino nas suas casas e oficinas, e rendem-lhe reverência. Congregam-se na sua tumba a pregar benções e intercessão. Mas os chabadniks ignoram a grande exigência do Rabino de não ceder nem um anaco da Terra de Israel. Quiçá consideram ao Rabino o seu líder espiritual, mas indigno de ser tomado em consideração para assuntos terrenais. Mas não só. Os judeus aplaudiram entusiasmados as visitas de Sharon, Netanyahu e outros políticos ao seu Rabino; Sharon, em concreto, suplicou-lhe que o ajudasse contra o plano de Shamir de celebrar eleições em Palestina. Os chabadniks –pressuntamente dispostos a morrer na fogueira antes que renegar da sua religião- tiveram medo de combater contra o Governo renegado que levou à destrucção de Gush Katif.
Os líderes de Chabad condearam com exabruptos à multidão que em Kfar Chabad votaram por Baruch Marzel e o seu programa de defesa da terra judea e expulsão dos inimigos árabes. Os líderes sabiam que agiam contrariamente ao magistério do Rabino e improvisaram um absurdo pretexto: que os chabadniks não deveriam ter votado por Marzel porque ele não poderia superar a barreira electoral e esses votos estavam mal empregados. Como se não estivessem pior empregados os votos ao Shas e similares chiringuitos sémi-religiosos desenhados para colaborar com o Governo –a câmbio de dinheiro e promoção. Os líderes de Chabad poderiam ter ajudado a Marzel a superar a barreira eleitoral em vez de volcar toda a sua campanha contra ele.
O judaísmo é uma religião de feitos. Não há separação entre as coisas terrenais e as espirituais. Uma religião de pureça prática é dura, sem dúvida. Por isso os religiosos judeus têm inventado uma vida paralela. O judaísmo segue sendo para eles uma religião de feitos, mas de feitos insignificantes, rituais desconectados da vida cotidiana. Cortam o papel de váter antes do Sabat e observam ritos absurdos sem a menor base na Torá –mas têm expulsado a Deus das questões práticas. Ignoram a advertência daquele que dizia: “Hipócritas! Observades o diezmo da menta, o eneldo e o comino, mas desatendedes a parte da lei mais importante: a justiça, a piedade e a fê”. Porém, seguiram o seu conselho errado: “Entregade pois ao César o que lhe pertence, e a Deus as coisas de Deus”.
Mas no Judaísmo, inclusso a terra na que vivemos é coisa de Deus; nada pertence aos insignificantes césares do Governo israeli.
OBADIAH SHOHER
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