O OSO RUSSO E A FORMIGA ISRAELI


Há um ano contemplava uma retransmissão da TV russa na que Vladimir Putin, cabalgando sobre um noble cavalo, alcançava a beira dum lago, sacava com destreça a sua camisa e, numa impressionante exibição de forma física, fazia uma flexão remolhando o rosto na água cristalina.

Foi quando me comezei a preocupar. O dirigente decidido a restaurar a honra perdida da grande nação e os dias de glória, estava desenvolvendo o papel de machote. Lembrou-se imediatamente um velho filme de propaganda italiana no que Il Duce –Musolini- vai conduzindo no seu carro oficial quando de súpeto vê a um granjeiro luitando por subir uns sacos de trigo na sua carreta. Il Duce desce do seu carro e –igual que Putin- saca a sua camisa e numa impresionante exibição de machote musculoso, sube rapidamente o trigo na carreta do agradecido granjeiro. Hitler e Stáline também interpretaram o papel de machotes.

Portanto, a invasão russa de Georgia não me susprendeu demassiado. Qualquer que pense que a útima ofensiva russa é em represália contra uma provocação georgiana não entende –na minha opinião- a Putin. Quando Hitler anexou os Sudetes, alguns expertos pensaram que de daria por satisfeito. Verdadeiramente, milhões de alemães viviam nas “regiões separatistas” de Checoslováquia, e o mundo occidental pensava “comprender” aos alemães. Depois de tudo, que queríades? Uma Segunda Guerra Mundial? Assim, os Sudetes foram sacrificados para aplacar a Hitler, e em palavras de Churchill: “Escolhechedes a vergonha em vez da guerra. Teredes vergonha e guerra”.

Teria sido singelo deter a Hitler naquele momento. O exército checo em solitário era maior que o alemão, e as suas fábricas de Skoda produciam armas de alta precisão. Mas o mundo posterior à 1ª Guerra Mundial queria tranquilidade. Escolheu entregar a Hitler o que queria na esperança de que quedaria satisfeito. Hitler conseguiu o que queria e o mundo um pequeno respiro. O resto é história.

Putin não se contentará com Georgia. O caso de Georgia tem-no abastecido de todos os incentivos que necessitava. Não sabemos ainda quando e onde terá lugar a próxima erupção. Mas se trunfa Obama las eleições dos EEUU e o processo de desintegração continua, o novo bravucão russo sentirá-se o suficientemente confiado como para emprender mais guerras.

Representa Rússia uma ameaça directa para Israel?

Os sírios têm convidado explicitamente aos russos a encarregar-se conjuntamente das suas bases terrestes e marítimas. É possível que Rússia comeze a expandir-se na nossa direcção. É uma eventualidade indesejável –mas se sucede, não o será por vez primeira. Pilotos israelis têm-se já enfrontado em escaramuças aéreas contra os pilotos soviéticos que defendiam os céus egípcios durante a batalha de Attrition. Os pilotos israelis inclusso derrubaram uns quantos aviões pilotados por russos.

Israel não é Georgia e os russos o sabem. Mas Israel hoje em dia também não é a Israel da batalha de Attrtion. Israel, actualmente, amosa-se débil, apetecível para todos os seus vizinhos e para qualquer matão internacional que queira cobrar-se uma peça.

A restauração do factor disuasório israeli não é uma questão de incrementar o orçamento em exército, como os lobbys de defesa têm-nos feito pensar. Apenas há dois anos, o exército israeli colapsou ante um inimigo do tamanho duma simples divisão –numa guerra iniciada pela própria Israel. O problema não foi o armamento. O problema foi a perda do nosso sentido da justiça e os objectivos comuns que sustentavam a nossa coesão e poderio nacional. A nossa incapazidade disuasória não se debe a falha de tanques ou aviões de combate. A nossa carência disuasória debe-se ao facto de que os nossos inimigos pensam que a nossa sociedade se está desintegrando e que o Estado de Israel é “mais débil que uma tea de aranha”, nas eloquentes palavras de Nasrallah.

Eu não investiria nem um só shekel mais em seguridade. As altas somas que os lobbys estám pedindo, estariam melhor empregadas em necessidades sociais. Uma sociedade justa comprende o que se está a fazer no seu território e pode produzir o poder de disuasão que Israel acostumava a ter –quando acreditava que fazia o correcto.



MOSHE FEIGLIN

(Av 5768 / Agosto 2008)

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