BNG JUDEÓFOBOS, AELG CÚMPLICES

No último número da publicação quinzenal “A Peneira”, vinculada à organização chauvinista Bloque Nacionalista Galego, uma tal Marta Dacosta beija a mão que lhe dá de comer num exercício obsceno de ignorância e judeofóbia, mediante um libelo intitulado “A temeridade dun filósofo”. Lá vem dizer, em ressumidas contas, que George Steiner não aprendeu a lição do Holocausto. O discurso subliminar é que não aprendeu nada porque se atreve a menospreçar aos seus comilitões, os judeófobos do Bloque. Compara sem nenhum tipo de rubor a repressão sofrida nos campos de concentração com o despreço face os que como ela vivem do conto (de escrever contos, entendede-me) em “galego”.

Aproveitando uma entrevista malintencionada e pragada de perguntas-trampa (publicada pelo suplemento semanal do diário pro-palestiniano “El País), na que um dos mais destacados mamporreiros do grupo empressarial proprietário do jornal, Juan Cruz, entrevista ao pensador George Steiner, a tal Dacosta despacha-se a gosto destilando um ódio apenas contido contra o pensador –casualmente liberal e judeu.

Seica na devandita entrevista George Steiner afirmava: “Me han dicho que hay una Universidad donde es obligatorio hablar gallego". E a partir daí –sem que o manipulador que o entrevista matize em nenhum momento a discutível informação com a que conta o Sr. Steiner- questiona a projecção internacional como língua e literatura do “galego”.

Não lembro, desde a violação da conciência de todo um povo que supuxo a maquinária propagandística destinada a sentar na “Xunta de Galicia” ao incapaz de Pérez Touriño (instrumentada pelo lobby NUNCA MÁIS –do que nunca mais se soubo, por certo, uma vez bem colocados em poltronas os seus principais promotores-) um estoirido de “indignação” tão unânime como o desatado pela espoleta das declarações do pensador judeu.

O BNG e os seus pseudópodos mediáticos –hoje em dia na Galiza, quase todos- e culturais tinham-lha jurada aos “porcos judeus” desde que um fato de heróis lhes sacaram as cores, quando se retrataram há uns meses negando-se a condear o Holocausto e purgando como bons fascistas a uma minoria disidente.

Os “escritores galegos de talha internacional” da AELG, vinte anos atrás íam de rompedores e combativos contra o alcaide socialista da Corunha “Pacochet” Vázquez. Hoje escrevem brochurinhas que provocam rubor louvando o bonita que tem a Corunha e a sua Torre de Hércules o sucesor daquele, o também socialista, profilhado do actual Embaixador español no Vaticano, Losada de Aspiazu. Que tem mudado? Agora os seus popes do BNG pisam alfombra no governo municipal em coaligação com o Partido Socialista Espanhol. Quando há uns meses o Bloque expulsou ao nosso amigo Pedro Gómez-Valadés, encarregado comarcal em Vigo da área de CULTURA, por ser leal a Israel e defender o povo judeu os da AELG não tiveram colhões a dizer nada.

Nestas semanas temos lido todo tipo de sandezes dos “notáveis” pátrios da cultura, que se têm sentido –com razão- nenguneados:

José R. Barreiro (Presidente da Real Academia Gallega): “Steiner diz estupideces”.

Ramón Villares (Antigo Rector da Universidade de Compostela): “Si hay un idioma inventado no es el gallego, sino el hebreo”.

Asociación de Escritores en Língua Galega: “Descoñecemento temerario da nosa tradición literaria”.

Temerário é que o cónclave de ofendidos juntaletras dessa associação questionem a aptitude na matéria dum estudoso da talha universal qual é o pensador objecto do seu infame linchamento. Steiner conhece de sobra a “tradición medieval em língua galego-portuguesa”, as cantigas, etc. Embora quiçá desconheça quem diablo é Marta Dacosta e o 95% dos lambões que engordam a AELG. Steiner seguro que não ignora a projecção da língua e literatura em língua portuguesa, como não a ignora ninguém que esteja simplesmente alfabetiçado. Coisa distinta é que o “patois” imposto via decreto e institucionalizado como “lingua” de novo cunho pelos órgaos políticos autonómicos, mescolança de castelhano e giros vulgares, mereça maior consideração de um sábio que leva toda a sua vida estudando com rigor as línguas.

O que se passa é que o dito por Steiner não ía dirigido às Cantigas medievais, nem aos trovadores, Pessoa ou Pondal, senão às 20.000 celebridades actuais. A literatura que se fai actualmente em “galego” chega até onde chega, pese a estar absolutamente subvencionada economicamente e o apoio dos estamentos oficiais –que adquerem a maior parte das tiradas, e obrigam aos rapazes a comprá-los depois nos programas escolares-, sustentando assim ficticiamente edições que, de dependerem do livre mercado, não haveria mecenazgo que as suportasse. Mas quando as coisas se financiam com os impostos de todos não há problema.

Ao ánti-semita Saramago, pensando em Bush, saira-lhe um retrato perfeito de Lénine: golpista, manipulador e mentiroso compulsivo. A estes da AELG, pensando no judeu Steiner, sai-lhes inconscentemente o seu autoretrato colectivo: ignorantes, temerários e xenófobos.

SOPHIA L. FREIRE

2 comentarios:

Chapeau!

19/09/08, 06:49  

Excelente. Pódese falar máis alto pero non máis claro.

19/09/08, 21:48