FEIGLIN: EU TERIA GANHADO

“A direita ganhou as eleições”, diz Moshe Feiglin, “mas Netanyahu e o Likud perderam”. Segundo a opinião de Feiglin, a pessoa responsável do decepcionante resultado eleitoral é Binyamin Netanyahu. “De ter estado eu nos postos de cabeça do Likud, teríamos ganhado sem dúvida alguma”, afirma o chefe da oposição interna a Netanyahu.


Feiglin tem boas razões para estar incomodado com Netanyahu. Bibi utilizou todas as artimanhas –algumas, inclusso, sujas artimanhas- para despraçar a Feiglin da cabeceira do Likud. Os membros do Likud elegiram a Feiglin no posto nº 20, mas finalmente foi despraçado até o 36 pelo exconselheiro de Netanyahu, Ofir Okunis. Mas Feiglin é Feiglin, e não se dá por vencido.



Ganhou a direita a pesar de Netanyahu?

Penso que essa é uma boa definição, sim.


Quais foram os grandes erros de Netanyahu?

Não me interessa criticar a Bibi. Ele não é a questão. Netanyahu representa algo muito mais essencial que a sim próprio. A direita sempre teve um problema. Inclusso quando ganha as eleições, a esquerda permanece controlando-o tudo. Isto é devido a que a direita carece duma alternativa real à agenda da esquerda. Nas recentes eleições a direita cresceu, mas o seu principal partido perdeu. Netanyahu tem um grande protagonismo nesta derrota. Qualquer pessoa que siga a política israeli sabe que o apoio ao Likud começou a decair no momento em que Netanyahu começou a sua campanha contra mim.


Por que Bibi se enfronta a você?

O que temos visto nestas eleições é um intento de criar uma alternativa política à esquerda. Mas não existe uma alternativa realmente sólida –agás no que eu represento dentro do Likud.


Que opina da afirmação do jornalista Shalom Yerushalmi de que Netanyahu não fixo uma campanha a fundo premeditadamente a fim de que os candidatos mais direitistas e Manhigut Yehudit [facção de Moshe Feiglin dentro do Likud], situados muito abaixo na lista eleitoral, não pudessem acceder à Knesset?

Yerushalmi encheu muitos titulares com esse scoop. A sua fonte foram alguns candidatos do Likud em posições ministráveis. Penso que o que escreveu é certo. O próprio Netanyahu dixo basicamente o mesmo. Foi entrevistado por Lior Shlein, da Canle 10, o dia prévio às eleições e afirmou o seguinte: dade-me 35 escanos, será suficiente para mim [lembremos que Feiglin concorria no posto 36].


Será reempraçado Netanyahu?

Netanyahu tem perdido em três ocasiões: nas eleições do 1999 o Likud baixo a direcção de Netanyahu caiu de 32 a 19 escanos. Nas do 2005, o Likud caiu de 38 mandatos a 12. E agora, a pesar das predicções duma claríssima vitória para o Likud, Netanyahu tem conduzido ao partido à derrota.

A primeira dessas derrotas poderia, seguramente, explicar-se em função da violentíssima conspiração mediática contra Netanyahu. A segunda, poderia explicar-se, provavelmente, pelo facto de que Sharon criara o partido Kadima. Mas esta vez, a vitória esteve no peto de Netanyahu. Esteve distanciado por dobles dígitos de Kadima nas enquisas. Kadima estava em pleno processo de descomposição e semelhava que não teriam nem a menor possibilidade. Nenhum analista político atreveu-se a pronosticar que sacariam mais assentos que o Likud. Penso que Netanyahu deveria tirar as suas próprias conclusões.


Pensa que se você tivesse figurado nas posições de saída do Likud, os resultados teriam sido outros?

Sem nenhuma dúvida. Inclusso se na cabeça do Likud tivessem posto uma vassoira os resultados teriam sido melhores. Esta derrota é tão chamativa porque a batalha de Netanyahu contra mim fixo muito dano ao Likud. Tem-se convertido no perdedor perpétuo –no Shimon Peres do Likud.


Face o final da campanha Netanyahu asinou um acordo com o nacionalista religioso Effie Eitam. Semelha como se se tiver decatado de que devia girar algo à direita e não só ao centro.

Foi um movimento patético –especialmente ao ser realizado com Effie Eitam, a quem Netanyahu não permitiu concorrer às primárias do Likud.


Daquela, Netanyahu não queria realmente que os sionistas religiosos se unissem ao Likud?

Isso semelha. A gente não é estúpida.


Como explica você o éxito de Lieberman?

Se observamos a gráfica que amosa a percentagem das enquisas pre-eleitorais nos meses prévios, verá você uma fascinante image espelhada. A começos de Dezembro, o Likud estava no seu vértice perto dos 40 assentos, mentres Lieberman estava no seu ponto mais baixo, com aproximativamente oito escanos. Quando o Likud cai Lieberman sube, e viceversa. Que se passou o 1 de Dezembro? Netanyahu arremeteu contra mim em público. Nesse momento, o Likud começou a sua caída em picado. Os votos perdidos foram parar a Lieberman. É o mesmo colchãode votantes. E não só isso. Quando Netanyahu me despraçou até o posto 36 um novo partido renasceu –a União Nacional (Ichud Leumi). O que fixo Netanyahu basicamente foi desprazar ao bloco de direita fóra do Likud e acomodá-lo nas filas de Lieberman e de União Nacional.


Têm trunfado os partidos religioso-sionistas nestas eleições?

Se eu não estiver no Likud não teria votado por nenhum deles. Não existe a democracia em Israel, e os seus políticos não são significativos. Esse é o motivo pelo qual os partidos seitoriais são irrelevantes. O cidadão israeli não tem forma de influir no seu destino. Certo, os políticos competem pelo seu voto. Pode escolher entre vários candidatos. Mas não pode eligir entre ideias –e isso é o realmente importante. Noutras palavras, a democracia israeli é na actualidade uma ficção. Actualmente, a única ideia com sustância que se desenvolve no sistema político é a agenda de Manhigut Jehudit. Esta agenda só pode ser desenvolvida dentro do Likud. A oferta de Manhigut Yehudit pelo liderádego é a única razão pela que Israel pode seguir sendo denominada como uma democracia. De não existir, eu não votaria a nenhum partido.


Que tem pensado fazer a partir de agora?

Seguir a mesma senda. No que a mim respeita, é indiferente se Netanyahu é capaz de formar uma coaligaçãode direita ou um governo de unidade nacional. Eu não estou implicado. Sofremos uma grave parálise nacional. A maioria judea que deveria estar dirigindo este país dacordo com os seus valores não tem uma ferramenta de liderádego, porque o seu partido dirigente perdeu. A única forma de deter o colapso é que o partido dirigente estabeleça uma autêntica alternativa à esquerda: um novo liderádego com uma agenda nacional-judea que oriente a este país. Não sendo assim, a situação seguirá deteriorando-se. Pouco importará que o bloco de direita tenha aumentado.



Entrevista publicada o 28 Shavat 5769 / 22 Fevereiro 2009




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