Esta é provavelmente a mais conhecida das fotografias da 2ª Guerra Mundial. Frédéric Rousseau, um historiador francês que tem publicado um livro sobre ela - L’Enfant juif de Varsovie : Histoire d’une photographie- teme, sem embargo, que tenha sido exposta ad nauseam e que corra o perigo de perder a sua significância como testemunha do horror názi.
De facto, esta foto não foi tomada por alguém que queria denunciar e publicitar a forma em que os názis tratavam aos judeus, senão que forma parte duma série de 53 tomas incluídas no “Informe Stroop”, documento alemão em cujo título lemos: “O Bairro Judeu de Varsóvia tem deixado de existir!”, e que se adica a ensalçar a eficácia dos názis sob o mando de Jürgen Stroop, que queimaram e derrubaram sistematicamente os edifícios do ghetto, bloco a bloco, acurralando e assassinando a todos quantos podiam capturar.
Esta fotografia foi utilizada como evidência nos Juízos de Nuremberg, junto com o resto do informe, antes de “esvaecer-se” durante 15 anos. A razão da sua desaparição foi provavelmente que não encaixava com a image dos “resistentes europeus” tão popular naquela época.
Posteriormente, a foto reapareceu em livros de história e textos escolares, em portadas e pósters. Contudo, diria-se que quanto mais a vemos menos sentido tem. De ser uma testemunha, a fotografia tem passado a converter-se numa simples ilustração.
Uma razão é que, com demassiada freqüência, a foto aparece recurtada –desaparecendo os soldados alemães e os outros habitantes do ghetto- o qual faz que perda grande parte do seu impacto.
Inclusso foi utilizada para ilustrar a portada dum livro intitulado “A estrela amarela” –apesar de que os judeus polacos jamais levaram estrelas amarelas, senão brazaletes.
O que realmente molesta a Fréderic Rousseau, porém, é o facto de que esta foto se utilize para ilustrar o que se pasa com outros rapazes pequenos, inclusso quando as circunstâncias e épocas são absolutamente diferentes. E de tudo isso conclui que num breve prazo essa instantânea só será plenamente comprendida por um reduzido número de “expertos”.
ILANA DAVITA
J. disse...
Ese problema ímolo ter sempre con calesquera documento gráfico, sonoro, audiovisual,... da Shoá. Os negacionistas (da esquerda pijo-progre ou da dereita cavernaria, tanto monta) son os primeiros interesados en que se produza unha sobreexposición para valdeiralo de contido e abrir a porta á banalización.
25/02/09, 00:52
Anónimo disse...
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10/03/09, 12:57