Dificilmente se pode chegar a encontar a direita israeli numa situação mais deprimente. Dacordo com as enquisas, menos do 10 % dos israelis se consideram de esquerda. O bloco de direita ganhou claramente as recentes eleições e entregou a Netanyahu as chaves para formar novo Governo.
Mas desde as eleições, Netanyahu tem malgastado a boa fê dos votantes de direita tratando de atrair à esquerda da Knesset. Primeiro foi com Tzipy Livni e depois com Ehud Barak. Semelha que para o candidato conservador chamado a dirigir o país, uma coaligação de direita é a última das opções. De não ser pela terca perseverância da esquerda em rechaçar tal componenda, já estaríamos embarcados num novo Governo no que a maioria dos ministros pertenceriam ao gabinete anterior de Kadima. É como se não se tivessem celebrado umas eleições e como se não houvesse uma opção de direita no Estado de Israel. Todo um jogo de suma zero.
Lembra alguém, quando a esquerda tem ganhado umas eleições, que convidasse à direita a ocupar a maioria das carteiras ministeriais?
A favor de Netanyahu, podemos dizer que não intenta enganar ao seu eleitorado. O seu agir nos meses prévios à cita eleitoral não fixo senão advertir que esta seria precisamente a direcção que emprenderia no caso de resultar ganhador. E esse é o motivo pelo que o Likud perdeu aproximativamente dez assentos, que foram parar a Lieberman e à Ichud Leumi, perdendo o mão a mão com Kadima.
Merece Netanyahu uma oportunidade?
Aparentemente não. O problema é inerente, muito mais de fundo da mera questão de que políticos vam conformar o Governo. Na realidade, a direita não tem uma alternativa autêntica à agenda esquerdista. A esquerda já tem implementado os passos mais agressivos –duma maneira em que a direita não o teria sonhado nem nos seus sonhos mais selvagens. A esquerda conquistou, a esquerda transferiu, a esquerda assentou-se em Gush Katif e parte do Sinai –todos os lugares aos a direita clássica sonhava regressar. A esquerda fixo tudo –e fracassou.
"Sharem el Sheikh* sem paz é preferível a uma paz sem Sharem el Sheik”, dixo Moshe Dayan anos atrás. E é o mesmo que diz hoje em dia o direitista Moshe Ya'alon. A esquerda, em conseqüência, descartou as soluções que requeriam o emprego de força e optou pelo compromiso. E a direita segue essa senda desganhadamente.
“O que contemplamos através desta janela”, dissem-lhe a um jovem mentres observávamos as ringleiras de soldados abandoando Gush Katif, “não é a retirada do sionismo. É a sua inevitável conclusão”.
Tem a direita outras soluções? Netanyahu, Begin e Ya'alon semelham ser os portavozes autorizados da direita. Mas não fazem outra coisa que repetir o mantra de que não com quem negociar no bando árabe. A esquerda já tem jogado a essa estratégia. E funcionou até que Sadat veu a Israel.
A dia de hoje, a Síria de Assad pretende iniciar conversas. Pode Begin Jr. Proteger os Altos do Golan melhor do que Begin Sr. Protegeu o Sinai?
Ao longo dos anos a incapazidade da direita para apresentar uma alternativa à agenda da esquerda tem conduzido à sua total dependência –tanto ideológica como institucional- respeito da esquerda. Isso é o que estamos padecendo hoje, mentres Netanyahu intenta desesperado formar uma coaligação esquerdista. Nenhum outro dos políticos mais aclamados da direita fazeria as coisas doutro modo.
Para levar à prática o que deseja a maioria dos judeus, tal e como o exprimiram nas passadas eleições, Israel deve trasformar a sua mentalidade passando dum sionismo puramente existencial a um sionismo de destino. Um sionismo que emerja da identidade judea do Estado de Israel.
MOSHE FEIGLIN
* Sharem el Sheik: Localidade da península do Sinai, entregada aos egípcios nos Tratados de Camp David, e onde em Setembro de 1999 se celebrou o acordo sobre o futuro da Faixa de Gaza.
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