Há alguns anos, comparecim diante da juíza da Corte Suprema, Dalia Dorner, afrontando os cárregos policiais de evitar que os meus companheiros e eu protestáramos no exterior da residência do, daquela, Ministro de Defesa Shaul Mofaz. Durante a audiência, a honorável juíza surprendeu-nos dizendo que “o Sr. Ben Gvir tem protestado também diante do meu domicílio, e ao meu esposo não lhe gostou demassiado”. Porém, Dorner dixo aos representantes da fiscalia que lhe comentara ao seu esposo: “Têm o direito a protestar ante a nossa casa. Isto é uma democracia, e isso é a liberdade de expressão”.
Lembrava este comentário da juíza Dorner mentres a Knesset israeli aprovava o esbozo inicial dum vergonhoso projecto de lei, que dificultará –e provavelmente evitará- qualquer tipo de protestas perto das residências dos cárregos públicos.
Os partidários dessa limitação de direitos argumentam que uma pessoa que queira protestar pode fazê-lo no exterior das oficinas públicas, e que não é necessário que o faga perto da residência privada de ninguém. Esse precisamente é o problema. Essa argumentação demonstra que os promotores do projecto de lei nunca participaram numa protesta do lado dos manifestantes. Os que sim o tenham feito sabem que uma manifestação no exterior duma entidade pública é absolutamente inefectiva.
Na audiência mencionada mais arriba, a juíza Dorner acrescentou que o propósito de fazer uma protesta ante o Ministério de Defesa (onde prestava os seus serviços Mofaz) era absurda. “Todos sabemos que o Ministro de Defesa jamais terá constância dessa protesta, nem sequer será informado e, de facto, a protesta carecerá de sentido”, dixo. E ordeou ao Fiscal que autorizasse a concentração fronte a residência privada de Mofaz.
Desde a sentença de Dorner, muita gente tem protestado ante a residência privada dos representantes públicos: os desempregados, o sindicato de mestres; activistas de esquerda e de direita; e, mais recentemente, os manifestantes que apoiaram a libertação de Gilad Shalit.
Nunca temos escuitado que nenhum representante público tenha sido ferido durante uma concentração desta índole. Nunca se tem producido violência nestas concentrações. E se vos perguntades por que estes actos nunca derivam em violência, a resposta tem a ver com as palavras dum filósofo bem conhecido que dixo que uma vez que o povo é silenciado, os punhos tomam a palavra. É precisamente a liberdade de exprimir aquilo no que um acredita e corear consignas molestas o que serve para moderar a protesta. Ao meu modo de ver, Israel actualmente está em mãos de elementos que querem silenciar as protestas. Este decreto discrimina aos cidadãos de a pé respeito os cárregos públicos, estabelecendo que as classes nobiliárias, de facto, pervivem na sociedade israeli, ao proibir as moléstias fronte as suas casas, mentres se autorizam diante da casa dum cidadão normal. Esta proposta está feita à medida daqueles que se sintem incómodos com as protestas.
A pergunta principal é: onde nos levará isto? Hoje não poderemos protestar ante a residência dum cárrego público, amanhã proibirão protestar ante os organismos públicos, e dentro de dois dias o direito a protestar será proibido na sua totalidade, porque é insultante, estridente e fastidioso –mas isso já terá deixado de ser uma democracia.
ITAMAR BEN GVIR*
* Itamar Ben Gvir é portavoz de ERETZ ISRAEL SHELANU
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