Israel está perdendo fol e a possibilidade de assinar uma boa trégua. Tras o inicial ataque exitoso sobre Gaza, as operações posteriores serão menos espectaculares e mais custosas em vidas para os judeus.
Na operação de Gaza, uma táctica brilhante enfronta-se à ineptitude estratégica. A fim de reduzir as baixas entre os civis, as IDF advertiram aos habitantes de Gaza que marcharam, bombardeando chabolas vazias. Curiosamente, o intento de deixar a salvo aos civis de Gaza revela que Fatah tinha conhecimento prévio de que se ia producir o ataque: as IDF enviaram aviso a 90.000 clientes de telefonia em Gaza através do centro emissor do West Bank.
A ausência de invassão terrestre tras um bombardeo exitoso é atípica, em termos militares. A partir do segundo dia, os raids da Força Aérea convertiram-se em esporádicos e, freqüentemente, sem sentido algum dado que todos os objectivos vissíveis já foram destruídos no primeiro dia. A pesar da circulação de comandos israelis por Gaza em missões de busca-e-destrue [search and destroy], a paulatina reducção da intensidade no combate está permitindo que Hamas se reagrupe. Os dirigentes da guerrilha retomam um rudimentário controlo sobre os seus efectivos. Os arsenais de projectis ainda intactos –uns 6.000- permitirão que Hamas siga golpeando Israel com o actual promédio durante meses.
Se as IDF lançam uma operação por terra em Gaza, os resultados ainda empiorarão. Inclusso no seu debilitado estado actual, Hamas pode infligir baixas massivas entre as tropas judeas com tácticas de golpear/fogir. Os árabes cantarão vitória pelo facto de ter matado uns quantos judeus. Tacticamente, Israel pode jogar a baça dos batalhões de Fatah, entrenados pelos EEUU, com apoio de tanques das IDF, mas esse tipo de colaboração seria o fim politicamente falando de Fatah. Nenhuma operação israeli pode extirpar a Hamas, só um concienzudo trabalho policial a longo praço em Gaza. Egipto desembaraçou-se do problema de Gaza em 1967 e não o quererá de volta.
Inclusso se Fatah se figesse com o controlo sobre Gaza, não poderia se aferrar ao poder demassiado tempo. Hamas está a ponto de tomar o poder no West Bank, onde se confronta às IDF e às tropas de Fatah, e é muito mais forte em Gaza, onde a Irmandade Muçulmã lhe brinda apoio na fronteira com Egipto.
Os habitantes de Gaza não darão a espalda a Hamas embora as IDF evitem as baixas civis. Os votantes de Hamas, portanto, não têm razões para abandoar ao seu partido. A destrucção já está ali, mas como se passou no Líbano, Gaza será reconstruída rapidamente com dinheiro iraniano. Para os terroristas, ademais, a quota de mortos é algo insignificante: Jordânia matou centos de vezes mais palestinianos durante o Setembro Negro, e outro tanto se pode dizer de Síria e Líbano.
O Governo israeli deveria descender às profundidades da imoralidade para utilizar soldados judeus como mercenários da OLP para reempraçar um regime muçulmão por outro, Hamas por Fatah. Entregando Gaza a Fatah sob as baionetas judeas implicaria um desastre eleitoral para Kadima. Semelha que, como aconteceu no Líbano, o Governo de Olmert carece de uma estratégia de saída –agás que todo o plano consista em provocar a Iran para ter sobre a mesa um “casus belli” com o controvertido ataque israeli a Natanz mediante microcargas nucleares; esse tipo de ataque, porém, não poderia ser apresentado como uma medida preventiva.
Agora é o momento de abrir as passagens fronteiriças e oferecer a Hamas uma trégua sob as severas condições israelis: não mais túneis, não mais tráfico de armas, não mais Kassams, repressálias massivas contra as instalações de Hamas e a Yihad Islâmica à mínima violação.
Hamas pode ser obrigada a cesar nos ataques com foguetes temporalmente, mas daquela a que tanto alboroto? Hamas já o oferecera a câmbio da ré-apertura dos checkpoints, algo que Israel levará a cabo tras a Operação, em todo caso. Os pequenos grupúsculos terroristas não têm motivos para deter o fogo. Guerrear é a sua razão de existir e o motivo de que se formassem. Hezbolá manteve o alto o fogo porque tem outros “negócios” para além de Israel; as guerrilhas palestinianas, não.
O Governo nega-se a aceitar duas coisas básicas respeito o conflito. Uma, que não tem solução imediata; certa dose de violência fronteiriza estará sempre latejante. Duas, Israel comete erros de arrogância; quando Hamas tomou Gaza, Israel não tinha necessidade de ter fechado os passos fronteiriços –movimento que provocou a escalada da violência. Aos judeus não lhes deveria importar se controlam o Corredor os terroristas de Hamas ou os de Fatah, se são uma autonomia, uma “autoridade” ou um Governo. O que as espécies árabes façam dentro da sua reserva, não é problema de Israel. A repressália israeli nunca debe ser esporádica: a resposta condicionada só está destinada a uma acção repetitiva. O cão de Pavlov não salivaria quando lhe amosam um bistec se estivesse recebendo bistecs só uma vez de cada cem que lho ponhem diante. Os palestinianos necessitam visualizar que cada ataque que realizem contra Israel causa uma destrucção substancial em Gaza em apenas uns minutos. Que eles lançam um Kassam? Nós lançamos um Popeye [ver video abaixo].
O problema é: e que se passa se Hamas rechaça a oferta israeli de alto o fogo? Os terroristas seriam enormemente estúpidos se não advirtem que o Governo de Olmert se vê atrapado vítima da sua temprana vitória: não podem lograr nada melhor para o bando israeli. Hamas poderia entrar no Hall of Fame rechaçando o alto o fogo e pondo ao Governo de Israel ante um incômodo dilema: retirar-se à situação anterior de Kasams/repressália/Kassams, ou invadir Gaza e encarar o pesadelo de um combate urbano tipo Líbano.
A coisa pom-se interessante.
OBADIAH SHOHER
4 Tevet 5769 / 31 Dezembro 2008
[Seqüêuencia fitícia do uso do missil israeli Popeye junto a seqüências reais. Este sofisticado missil incorpora o sistema I2R e um data link para enviar images do objectivo e à sua vez receber ordes sobre modificações na sua trajectória].
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