É enganoso apresentar o conflito como um enfrontamento entre israelis e palestinianos, como um clássico exemplo do que os matemáticos denominam a Paradoxa de Aquiles e a tartaruga, com infinitas e pequenas repetições. O conflito é entre os judeus e o mundo. As potenças europeias expulsaram aos judeus do continente, e recolocaram-nos no 0’01 % do Meio Leste. De facto, deram-se vários trapicheos a fim de aminorar as exigências judeas. A Declaração Balfour concedeu aos judeus uma pequena fracção do que judeus e cristãos sabem que constitui a Terra Prometida. Depois de tudo, os britânicos destinaram ¾ partes do nosso território a acomodar a um amigo seu, um príncipe iraqui que não tinha trono, nascendo assim da nada Jordânia. Naquela época, os judeus constituiam uma população cem vezes superior à dos beduínos jordanos, mas estes receberam três vezes mais de territórios. Depois chegou a partição de 1947 entre os judeus e aqueles árabes que inclusso Jordânia despreçava. Os judeus aceitaram, a pesar de tudo, mas os árabes não e decidiram atacar Israel durante seis décadas. A comunidade internacional segue pretendendo que a partição benefície aos árabes, em vez de admitir que perderam o seu direito à sua parte dum reparto contra o que se rebelaram. A partição de Israel não outorga apenas um Estado aos palestinianos, senão um segundo Estado que acrescentar ao que já possuem em Jordânia (os árabes de étnia palestiniana conformam a maioria no reino hachemita). Para além dessa partição, a comunidade internacional exige que Israel dê acomodo a dois milhões de cidadãos árabes e residentes estrangeiros no que fica de Israel.
Mas os judeus desenvolveram estas terras a partir do deserto e os pantanos; os árabes nunca habitaram estes pagos e carecem, portanto, de qualquer direito imaginável sobre eles. A própria comunidade internacional é incapaz de imaginar aos EEUU de Norteamérica repartindo o seu país com os nativos índios americanos, ou aos saudis devolvendo campos petrolíferos às tribos beduínas que deambulavam por eles noventa anos atrás. Os nacionalistas árabe-palestinianos identificavam-se só com Síria antes de que a ONU os surprendesse tão gratamente em 1947 oferecendo-lhes um “Estado” próprio. Cada tribo que póvoa o planeta não recebe a câmbio o direito a um Estado, e os árabes palestinianos nem sequer gozam de distintivos tribais respeito aos seus congêneres árabes. Os muçulmãos disfrutam de 57 Estados e de todos os lugares religiosos que um poida conceber, mentres que o “Processo de Paz” deixa aos judeus apenas com uma angosta área de praias e sem lugares de significação religiosa para o mundo judeu.
A Israel resultante da partição da ONU em 1947 e da Folha de Ruta não tem nada a ver com o que conhecemos através da história ou a religião dos judeus.
Judea estava no que hoje se denomina West Bank árabe. O processo de paz recompensa aos derrotados agressores muçulmãos com a antiga Terra dos judeus, mentres que a estes se lhes entrega uma faixa de praias de 14 milhas de ancho, pouco mais significativa para a nossa conciência nacional que Uganda. Ah, e o mundo também concede que os judeus residam no inhabitável Deserto do Negev e numa Galilea massivamente populada pelos árabes.
O controlo internacional sobre Jerusalém situa a uma selvagem e muçulmã maioria da ONU a cárrego do santuário judeu. Jerusalém como capital palestiniana é um oxímoron. Jerusalém jamais teve importância para os muçulmãos até os anos setenta do século XX. Não faziam peregrinação a esta cidade. Jerusalém só é pressumivelmente o lugar onde se supõe que o profeta Mahoma, cuja esposa tinha nove anos, ascendeu aos céus. Não têm necessidade de custodiar as duas imensas estruturas sobre as que se erige o Monte do Templo. Essas estruturas nem sequer são antigas, senão reconstruídas a começos do passado século, tras destruir as partes mais velhas e culminar no Museu Judeu Rockefeller. Sob um controlo internacional, os muçulmãos permanecerão em Haram ash-Sharif mentres que aos judeus apena se lhes tolerará derramar as suas lágrimas nas ruínas dos nossos dois Templos, soterrados baixo os santuários muçulmãos, sem esperança alguma de que poidamos reconstruir o nosso Templo. Todas e cada uma das nações cristãs –a mais recente, Grécia- destruiram ou converteram a golpe de espada as estruturas muçulmãs tras a reconquista, e isso é o que alguns líderes religiosos como o Rabino Chefe das IDF, Shlomo Goren, têm exigido respeito Haram ash Sharif
Aos muçulmãos reconhece-se-lhes tacitamente o direito a três grandes cidades com santuários (Meca, Medina e Jerusalém), mentres que aos judeus se lhes priva tanto de Jerusalém como de Hebron.
OBADIAH SHOHER
28 Nisan 5769 / 22 Abril 2009
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