REALISMO

O candor do Ministro de Assuntos Exteriores Avigdor Lieberman no seu “discurso inaugural” foi, sem dúvida, reconfortante. Dixo, entre outras coisas, que a Autoridade Palestiniana deve satisfazer todos os requisitos da “Folha de Ruta” para acadar o Estado palestiniano; o que significa que nunca haverá um Estado palestiniano. Isto é “realismo”, quer dizer, ser sabedor de que o conflito não vai rematar –ao menos se um toma em sério o Islám ou a cultura árabe-isrlâmica.

Resulta óbvio que a Administração Obama e a União Europeia não se tomam o Islám em sério, motivo pelo qual exigem um Estado palestiniano de modo imediato. A aceitação incondicional dum Estado palestiniano era o objectivo da Conferência de Annapolis, da que o Sr. Lieberman abominou no seu discurso. Noutras palavras, rechaçou a rendição incondicional ante o inimigo de Israel, a Autoridade Palestiniana formada por Hamas/Fatah.

Volvamos, porém, à visita do Presidente Barack Obama a Arábia Saudi. Que o Presidente dos EEUU faga uma genuflexão de cintura para abaixo ante o Rei Abdullah significa a (ignominiosa) rendição incondicional dos EEUU ante o Islám.

O pai do Sr. Obama era um muçulmão (o que o converte a ele também em muçulmão). A sua mãe, uma cristã seglar. A reverência de Obama ante o Rei Abdullah expressa a aliança do Islám e o Occidente Cristão secularizado contra o Judaísmo e o Estado de Israel.

Esta aliança, na realidade, já começara em 1975, quando a ONU declarara que o sionismo era uma forma de razismo, e, conseqüentemente, dotara à OLP dirigida por Yasser Arafat do “estátus de observadora”. A partir de ali, tanto os EEUU como a União Europeia extenderam a alfombra vermelha aos pés de Arafat. Violando o seu acordo com Israel no referente à OLP, o Presidente Jimmy Carter permitiu que esta estabelecesse uma oficina diplomática em Washington DC. Também se abriram várias oficinas da OLP em diversas capitais europeias. Os dous vástagos da cultura judaica mordiam os peitos que os amamantaram.

Tudo isto vem a conto do realismo do Ministro de Exteriores Lieberman. O seu “realismo” desenvolve meramente a consigna repetida até a saciedade pelo Primeiro Minsistro Binyamin Netanyahu da reciprocidade (um termo alheio à mentalidade islâmica). O que Lieberman e Netanyahu não são capazes de entender é que a sua afirmação de um Estado palestiniano faz que o seu “realismo” seja impossível.

Esta afirmação tem conseqüências perniciosas. A primeira é que o facto de dizer “sim” a um Estado árabe-islâmico em Judea e Samaria não faz mais que reduzir e atrofiar a identidade nacional do povo judeu, assim como a sua confiança na justiça e nobreza da causa de Israel. Reconhecendo a possibilidade de um Estado árabe-islâmico em Judea e Samaria –o berço sentimental do Povo Judeu- constitui ua proclama pública tanto para os judeus como para os gentis de que a Terra de Israel não pertence em exclussiva ao Povo Judeu. Isto constitui uma aberta bulra da Torá e da palabra dos profetas e sábios de Israel.

Este tipo de afirmação não pode senão erosionar a memória histórica do povo judeu, dado que tuto o ensinado pelos seus profetas e sábios vai intimamente ligado a Judea e Samaria.

Em segundo lugar, nada anima mais aos árabes para que persistam nos seus objectivos genocidas que a renúncia do povo judeu àquilo que lhe foi entregado pelo seu D’us e o seu exclussivo direito à Terra de Israel. Reconhecer um Estado palestiniano não só reforza aos inimigos islâmicos de Israel, senão que socava o apoio norteamericano e europeu a Israel. É uma declaração de debilidade. Esta debilidade conduz a erros praticamente irreversíveis.

Por exemplo, no encontro do comitê central do Likud que o eligiu como portavoz do partido uns meses antes das eleições de 1992, o Sr. Netanyahu rechaçou uma ressolução encaminhada a que um hipotético Governo do Likud não aceitaria nenhum acordo que comprometesse a seguridade de Israel. Netanyahu rechaçou esta ressolução sob a falácia de que uma democracia debe respeitar todos os seus acordos. Esta é precisamente a postura do acordo de coaligação do actual Governo.

Que ironia! A Grande Bretanha violara o Acordo Internacional de São Remo, que incorporava a Declaração Balfour afirmando a exclussiva soberania judea sobre o que hoje é conhecido como “West Bank”.

Muito para além do erudito argumento do fiscal Howard Grief sobre que os Acordos de Oslo, ou o Acordo Israel-OLP de 1993, sejam uma violação da legislação internacional (asasim como da própria legislação israeli), o sentido comum diz-nos que nenhuma nação está obrigada por um acordo que ulteriormente se desvelra como perigoso para a existência própria. Não é a legislação internacional –nem simples interesse económico- o que move à democrática Europa e os democráticos EEUU a unir-se com os déspotas islâmicos contra o Estado Judeu de Israel. Mais significativo é o antigo ódio ánti-judeu, o maior inimigo do paganismo, que ainda move às nações humanistas.

Aqui a ciência política ou a reforma do imperfecto sistema de gabinetes multipartidários de Israel tem um valor limitado. Israel necessita um renascimento da liberdade –a liberdade iniciada por Abraham quando se afastou do paganismo e se converteu em servo de D’us. Esta é a liberdade que os judeus celebramos em Pesaj.

Neste cruzial momento histórico, no que Ocidente está capitulando ante o Islám, só podo pregar a D’us que dote ao novo Governo de Israel da sabiduria e a valentia para resistir com força contra os selvagense os seus tímidos aliados do mundo democrático.

Pregar pelo povo judeu e os seus dirigentes políticos pode que seja o único autêntico “realismo”.


23 Nisan 5769 / 17 Abril 2009


PAUL EIDELBERG

0 comentarios: