A noite do 4 de Novembro de 1995, o Primeiro MinistroYitzhak Rabin era um homem muito preocupado. O seu Processo de Paz com a OLP não estava sendo bem encaixado pelo público israeli. A última enquisa do jornal diário Maariv amosava que o 78 % da gente queria deter o processo até que se levasse a cabo um referendo nacional no qu decidir se se continuava ou não. Só o 18 % dos israelis acreditavam o suficiente em Rabin como para apoiar que seguisse adiante sem o devandito referendo. Rabin não podia aparecer em público sem ser interrompido. O seu momento mais humilhante fora em Agosto, quando asistia a um partido de fútbol e 40.000 espectadores abuchearam-no ao unísono.

Mas essa noite tudo seria diferente. Uma coaligação de partidos de extrema esquerda e movimentos juvenis organizaram uma marcha no seu apoio e Rabin sabia que, nesta oportunidade, estaria arrodeado de milheiros de adeptos.

O qual fixo que a sua morte aquela noite fosse duplamente inesperada. Tudo parecia ir sobre rodas para sair bem. Às 21:15, Rabin pronunciara um discurso ante 100.000 incondicionais reunidos na praça da municipalidade de Tel Aviv. Meia hora depois, baixou as escaleiras do cenário face à zona “estéril” na que o agardava o seu veículo. A zona, longe de ser estéril, era porosa a pessoal não autorizado. Se Rabin tiver estado em estado de alerta teria-se decatado de que as coisas não estavam como sempre. Primeiro, teria pensado, onde está a ambulância? Sempre havia uma ambulância estacionada junto o seu automóvel quando realizava comparecências públicas, mas essa note não estava em nenhum lugar visível. Depois, teria-se perguntado: onde está a polícia? Dúzias de polícias deveriam ter estado oferecendo seguridade ms só uns poucos estavam à vista. A zona de aparcamento estava qus absolutamente a escuras, quando era um procedimento de seguridade habitual alumear a zona do percorrido.

Mas Rabin semelhava animado pelo éxito do seu discurso e, de modo infreqüente, caminhava só, sem que o acompanhasse a sua mulgher, Lea, face o carro. Escasos segundos antes de alcanzar o veículo, um agente de seguridade do Serviço Geral de Seguridade (Shabak) que se supunha que tinha que cobrir a sua retagarda, dou um passo atrás, detendo-se e permitindo que um assassino -Yigal Amir- figesse três disparos pela sua espalda.

Tão cedo como as balas foram disparadas, um agente do Shabak berrou “Srak, Srak” [“são balas de fogueo, são balas de fogueo”], mentres que outro agente dizia instantes depois à mulher de Rabin, Lea, que não se preocupasse porque “os disparos foram de fogueo”. Os agentes mais próximos a Rabin saltaram sobre o agressor golpeando-o, As suas primeiras palavras tras ser detido foram “Por que me golpeades? Figem o meu trabalho. Agora fazede o vosso”. O primeiro que lhe perguntaram os agentes do Shabak foi: “Não disparaste munição de fogueo?”.

Dado que não havia ambulância, Rabin foi levado em carro a um hospital próximo. O carro não ía equipado com rádio, os polícias não despejaram o caminho, nem quando a vítima chegou ao hospital havia ninguém agardando por ele. Poucos minutos mais tarde, dúzias de jornalistas receberam uma mensagem do portavoz dum desconhecido grupo denominado “Vingança Judea”, prometendo que a próxima vez acabariam com Rabin. Tras o anúncio da sua morte, o portavoz volveu-se pôr em contacto com os jornalistas corrigindo o anúncio anterior e responsabilizando-se do atentado.

Às 23:15, o ajudante de Rabin, Eitan Haber, sostendo na mão o que afirmou que era uma partitura ensanguentada das canções que Rabin coreara durante a Marcha pela Paz, anunciou a morte do Primeiro Ministro. Feito isto, Haber marchou apuradamente a Jerusalém e vaziou os arquivos da oficina do Ministério de Defesa de Rabin. Aparentemente não puido agardar até a manhã seguinte , e assim o manifestou a posterióri a um jornalista do semanário Kol Ha’ir afirmando que “queria estar seguro de que os arquivos se doariam aos fundos das Forças de Defesa Israelis (IDF)”.


QUE SE PASSOU COM YIGAL AMIR EM RIGA?


O suspeitoso do assassinato, Yigal Amir, servira honoravelmente na Brigada de élite Golani das IDF, e imediatamente depois de licenciar-se foi enviado a Riga (Letônia) na primavera de 1993, numa espécie de missão duma agência secreta da oficina do Primeiro Ministro, o Departamento de Enlaze.

Fundado em 1953 para educar e rescatar judeus de tras do Telão de Aceiro, o Departamento de Enlaze convertera-se num ninho de espias ao longo dos anos. Como informou o diário Ha’aretz umas semanas depois de que Rabin fosse assassinado: “O Departamento de Enlaze leva a sua própria diplomácia e tem a sua própria agenda autônoma”.

Amir era um activista da organização ánti-governamental, segundo se dizia, mais radical de todas, o Eyal. O dirigente do Eyal, Avishai Raviv, fora filmado por uma TV israeli mes e meio antes presidindo uma cirimônia de iniciação na que os novos membros prometiam matar a quem quer que “vendesse a Terra de Israel”. Se Eyal era uma organização secreta, por que os seus membros permitiram que uma TV israeli os filmasse e os apresentasse ao público?

Uma semana depois de que Rabin fosse assassinado, o 12 de Novembro, o jornalista Amnon Abramovich revelou na TV que Eyal fora infiltrada pelo Shabak para provocar e atrapar a radicais de direita e que o seu líder, Avishai Raviv, era um agente secreto cujo nome de código era “Champagne” –em referência às borbulhas da incitação que alimentara.

Raviv era um agitador do cámpus da Universidade de Bar Ilan, onde Amir estudara. Fixo-se amigo de Amir e animou-no a organizar encontros de fim de semana em Hebron. Raviv não era um recém chegado ao Shabak. Em 1987 foi expulsado da Universidade de Tel Aviv pelas suas actividades radicais pelo decano, Itamar Rabinovitch, que até havia pouco tempo fora o negociador delegado de Rabin com os sírios. O daquela Primeiro Ministro, Yitzhak Shamir, dou ordes ao seu ajudante Yossi Achimeir de respaldar pessoalmente a Raviv. Portanto, Raviv não fora reclutado tras a chegada ao poder de Rabin.

O Eyal só tinha dois membros: Raviv e Erin Agelbo. Compartiam um apartamento alugado no subúrbio de Hebron, Kiryat Arba, no mesmo edifício onde no seu dia residira Baruch Goldstein. Mas Agelbo, não era um extremista qualquer. Depois de que o semanário Yerushalyim publicasse a sua foto, um leitor reconheceu nele ao polícia de Jerusalém que o adestrara no uso de armas durante o seu período na garda civil. A vinculação entre o assassinato e a polícia emergeu aquí e acolá. O Departamento de Polícia de Jerusalém reconheceu e admitiu que Agelbo era um “antigo polícia que fora expulso por actividades radicais em 1994”.

Pouco depois do assassinato, os mass média israelis começaram a expôr algumas evidências muito incriminatórias. A mais séria de todas foi que Yigal Amir era um agente do Shabak. O primeiro em fazer pública esta acusação foi o professor Michael Hersigor, um professor de ciências políticas de extrema esquerda na Universidade de Tel Aviv. O 11 de Novembro, uma semana tras o assassinato, dixo a um jornalista de Yediot Ahronot: “O assassinato do Primeiro Ministro não tem explicação racional. Não a tem a chapuza nem a tem a sua explicação. Na minha opinião seria recomendável analisar a conexão entre Amir e o Shabak. É provável que tudo seja uma conspiração. O assassino semelha que já estava no Shabak quando viajou a Riga. Aportara-se-lhe documentação falsa para receber uma licença de armas. Tudo indica que mantinha contactos no Shabak no momento do crime”.

A excitação acrescentou-se quando Alex Fishman, do Yediot Ahronot informou que Amir fora entrenado pelo Shabak em Riga. Pouco depois, a Rádio do Exército emitiu uma entrevista com o Rabbi Benny Elon, dirigente do movimento dos assentamentos judeus, na que dizia: “O Shabak foi responsável da constituição e mantenimento do Eyal e o seu líder Avishai Raviv. Estou seguro de que o Shabak conhecia todos e cada um dos movimentos do Eyal antes do assassinato e que o Shabak financiou as suas actividades”.

Ante este conjunto de factos, o Governo embarcou-se numa versão insustentável sobre os dias que Amir passara em Riga. A tal fim, a oficina de imprensa do Governo proclamou que Amir –que nem fala letão nem tinha credenciais para impartir ensino- foi professor de hebreu em Riga durante cinco meses. A cabeza vissível do Departamento de Enlaze, cujo nome não se menciona no artigo do Maariv, modificou o relato a posterióri dizendo que só fora professor dois meses ou três. Depois de isto, o Ministro de Seguridade Interna, Moshe Shahal, contou à TV israeli que Amir fora garda de seguridade em Riga durante dois meses –a versão que provavelmente mais se aproximava à realidade. Finalmente, esgotadas as ideias, a portavoz do Primeiro Ministro, Aliza Goren, anunciou a finais de Dezembro que a Oficina do Primeiro Ministro tinha a certeza de que Amir nunca estivera em Riga, e que qualquer jornalista que sustentasse o contrário “estará agindo de modo irresponsável”. Toda a estratagema veu abaixo quando a BBC teve acceso a filmar uma cópia do passaporte de Amir, onde figuram as letras CCCP [URSS] claramente estampadas nele.

Mas este não foi o final da história do extranho Departamento de Enlaze do Primeiro Ministro. Nos meses prévios ao assassinato, a Oficina de Controlo do Estado iniciara uma investigação sobre a profunda corrupção do Departamento de Enlaze e a desaparição não justificada duma grande quantidade de dinheiro. A finais de 1992 Rabin anunciou que estava considerando o feche do Departamento.


(A continuar)


BARRY CHAMISH

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