A HONESTIDADE NÃO SE PODE REFORMAR

O Reformismo judeu não é negativo per se. Os judeus ortodoxos foram os maiores reformadores no seu tempo: eles substituíram o judaísmo rabínico pela religião baseada no Templo e centrada na terra. A quantidade e severidade de câmbios introduzidos pelos rabinos fariseus faz palidecer os actuais intentos reformistas.

Existe, sem embargo, uma diferença crítica entre ortodoxos e reformistas: a honestidade. Os rabinos ortodoxos intentaram honestamente salvar o judaísmo na ausência do Templo. O seu enfoque eventualmente afastou-nos do judaísmo normativo, derivando num corpo legislativo insignificante e sem sentido; os sistemas legais seculares, também, sucumbem eventualmente à tendência de legislar sobre aspectos triviais. A maioria dos rabinos ortodoxos fecham honestamente os seus olhos ante a distância que separa o seu judaísmo de ritos supersticiosos e a fê em D’us, que nos exige adoptar algumas desagradáveis determinações políticas na vida real.

O Reformismo, na realidade, não pretende reformar nada. É o típico movimento esquerdista que utiliza ferramentas sofistas para diferenciar-se e redefinir as coisas. O reformismo disfarça o ateísmo do seu rebanho em termos judeus arbitrariamente redefinidos, mais que procurar um significado actual aos termos antiquados. Uma re-avaliação dos significados dessa índole é inecessária, na medida em que a moralidade humana não cambiou apenas ao longo da história. Lêmos a Epopeia de Gilgamês e os antigos poemas gregos, maravilhamo-nos com as expressões do Cantar dos Cantares, e Shakespeare continua entretenendo-nos. As torturas persas deram pê à Inquisição e às torturas massivas nos gulag soviéticos. Os romanos teriam-se reconhecido no colonialismo britânico e considerado as duas guerras mundiais como algo desmedidamente brutal. O romanticismo moderno dos direitos humanos teria-lhes soado familiar aos trovadores medievais.

O Judaísmo trata sobre a justiza: implacável, despiadada, severa justica orientada a manter a pureza moral da comunidade judea. Os Reformistas mintem no que respeita a cada parte dessa definição. A justiza para eles é “justiza social”, ou mais bem justiza socialista, onde os burócratas que controlam a distribuição são os que mandam.

Fazem ênfase na piedade, embora a Torá carece do conceito do perdão humano: a Torá é severa até o extremo de que os testigos devem executar pessoalmente ao ofensor convicto.

No Judaísmo, a pureza moral é o único objectivo do ser humano. A vida é algo completamente irrelevante. Os judeus são cominados a executar ou expulsar aos seus compatriotas inclusso pelas ofensas morais cometidas na privacidade dos seus fogares, como a homosexualidade ou o pão levedado em Pesaj. O judaísmo não é indulgente: inclusso os estrangeiros, qualquer não-judeu que habite na Terra de Israel, debe submeter-se à Lei judea baixo ameaça da pena de morte. O Reformismo fomenta justo o contrário: a tolerância, o direito de cada indivíduo a viver como lhe pete, não só na esfera privada senão inclusso na pública.

O judaísmo é isolacionista: os judeus são “o povo que vive a parte”. Neemias ordeou aos judeus desterrar às suas mulheres estrangeiras, rompendo praticamente todas as famílias de Jerusalém. Devemos aceitar conversos na justa medida em que o seu número nos permita assimilá-los; Neemias considerava que as mulheres estrangeiras eram demassiado numerosas para uma assimilação segura e ordeou a sua expulsão. Devemos aceitar aos conversos segundo os critérios que nós fixemos: um não é judeu porque diga que o é. O judaísmo basea-se em ser a única verdade, em que os judeus são o povo eligido. Em relação com o judaísmo, as demais religiões, não é que sejam inferiores, é que são abomináveis. Não odiamos aos demais povos, mas despreçamos a sua fê. E nas nossas orações agradecemos a D’us que não tenhamos nascido numa religião alheia. Que pode haver mais afastado da interreligiosidade reformista, os seus matrimônios mixtos, intercâmbios culturais e, eventualmente, a sua assimilação?

Quanta gente, como promédio, acredita em D’us num templo reformista? Ninguém (incluíndo à sua rabina lesbiana). A sua “ilustrada” audiência não pode acreditar no D’us que criou a Terra e escuita as nossas pregárias. Os judeus progres não podem asumir o conceito da sua própria eligibilidade. Estes judeus de mente analítica negam-se a acreditar que D’us nos falou no Monte Sinai e nos dou os Mandamentos. Inclusso se acreditassem na existência de D’us, isso não teria conseqüências práticas para eles. Se a Torá não é de orige divina, que nos cabe dizer da existência própria de D’us? Que leis deveríamos seguir? Os reformistas conformam-se com a confortável postura de que eles seguem os mandamentos que se ajustam à sua conciência panhumana. E isso dá pê a um círculo vicioso: eles confrontam a religião com a ética, e em conseqüência a sua religião sempre é mais estreita que a sua ética. E o seu “judaísmo” apenas se diferencia dos preceitos éticos dum sueco bem educado.

Sem dúvida, os reformistas são doutrinalmente muito menos éticos que os gentis. O seu progressismo conduz a tolerar a imoralidade, porque para aqueles que não acreditam na Torá não existe um critério objectivo de moralidade. Assim, os reformistas proclamam a liberdade individual de cada quem a observar os mandamentos que lhes convêm –essencialmente, a ignorá-los. Perguntade-vos: que pecado poderia desqualificar a alguém para formar parte duma congregação reformista? Certo, muitos tipos de abominações são aceitadas em muitas sinagogas ortodoxas –mas de modo tácito, mentres que os reformistas professam a desobediência da observância, o que não faz senão alentar a infâmia. Dado que os templos reformistas admitem os matrimônios mixtos, aos que transgredem o Shabat e o kashrut, e aos que praticam imoralidades sexuais, que lhes impede admitir também a pessoas carentes de toda ética? Na prática, as pessoas carentes de ética são benvindas ali.

Internalizar a observância situa às pessoas por riba de D’us. Diga o que diga D’us na Torá, cada homem decide que mandamentos lhe apetece seguir –no caso de que siga algum. Logicamente, cada membro duma congregação reformista reza para sim, dado que na sua “teologia” a sua própria conciência é a fonte da sua pessoal lei religiosa. Raro sria rezar a D’us mentres ignoramos os seus mandamentos! Aínda mais, a observância à la carte clausura a possibilidade de qualquer forma de comunidade de congregantes. O único que há em comum entre os membros dum templo reformista é o seu ateísmo. Discrepam em cada aspecto da prática religiosa judea, e o único que os une é o despreço dessa prática.

O Reformismo carece de valores firmes ou doutrinas. No reformismo “judeu” não existe nem um só valor ou doutrina especificamente judeu. Os reformistas rechaçam explicitamente a singularidade judea pelo seu progre colegueo com os gentis. Falam das coisas dum modo que seria demassiado “universal” inclusso para Lénine. Querem arranjar o mundo (na sua totalidade) e justiza social (para todos); pouco lhes importa que a justiza social para alguns signifique roubar a outros, e que reparar o mundo em África signifique obviar aos judeus que sofrem em Sderot.

O reformismo, como religião universalista, abraza valores universais –mas os valores mais universais são precisamente aqueles com o denominador comum mais pequeno. O reformismo quere chegar a todos, negando-se a rechazar a ninguém. O reformismo abraza abominações morais e o nihilismo fashion –incluíndo rabinas lesbianas e os “matrimônios” gays. Proclamam a parvada de que todas as pessoas estám feitas a image de D’us –o que seria aplicável aos assassinos, etc. Deveríamos tolerá-los e dar-lhes a benvinda à congregação?

No Reformismo judeu não existe razão para seguir sendo judeu. O judeu não se diferencia em nada dos demais. De facto, os reformistas promovem activamente o diálogo interreligioso, a fim de demonstrar que os judeus são parescidos aos demais.

Qual é uma possível razão de ser judeus, de procriar filhos judeus? Uma, o razismo: os meus ancestros foram tão extraordinários que não quero me mesclar contigo, um vástago doutros ancestros; soa abominável. Outra, chauvinismo cultural: a cultura judea é superior às outras ou, quando menos, inestimavelmente única, assim que a quero perpetuar; pouco importa que os judeus tenham abrazado as culturas das nações com as que têm convivido, e que pouco seja o que há em comum entre as culturas sefardis e askenazis. Outra mais, porque D’us nos escolheu para sermos o seu Povo, e tanto eu como a minha descendência devemos obedecer a sua vontade. Esta é a única razão de índole moral. Tem, sem embargo, um problema: os reformistas rechazam a absoluta autenticidade da Torá, pois afirmam que alguns dos seus Mandamentos estám obsoletos, e, em conseqüência, ponhem em dúvida que seja certo que o judeu é o povo eligido.

Cabe imaginar qu o judaísmo ortodoxo algum dia poida ser reformado, como sucedeu com os movimentos reformistas doutras religiões. O critério de reforma deveria ser que o dirigente reformista seja um judeu fundamentalista. A reforma deverá supôr o regresso aos fundamentos do judaísmo, ao judaísmo essencial que só pode ser praticado na Terra de Israel, um país de nosso sem estrangeiros ou judeus declaradamente traidores, com um Templo e sacrifícios rituais, e a conformidade de toda a população –à forza se for preciso- com as leis do Judaísmo.

As teorias sociais evoluem, mas no caso das religiões é distinto. Conforme vam envelhecendo, vam acumulando posos e aditamentos que devem ser agitados de quando em vez. Em todos os demais aspectos da vida, o novo é melhor. Na religião o velho é o único bom. Daí que agardemos um autêntico reformista: um fundamentalista judeu.


OBADIAH SHOHER

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