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Profunda crise económica. Guerras. Descontento. O mundo está agitado. E, como sempre, o chivo expiatório: os judeus.
Os sinais estám à vista.
Até certo ponto pensei que estava curada de espanto. De facto crecim no apartheid sulafricano da postguerra, onde uma subtil corrente ántisemita era algo habitual. Assim que embora me molestavam as manifestações ánti-semitas, também me ia curtindo ao seu impacto.
Mas o meu estado de ânimo sacudiu-se abruptamente quando saim de passeio o sábado e, a um centenar de metros da minha casa, acho escrito com pintura amarela no pavimento: “Matade aos mugrentos judeus”.
E, como em Venezuela, vem sancionado pelos Governos.
Ben Shimol comentava que nos últimos dias, têm aparecido svásticas pintadas nos muros da sinagoga de Caracas, e que uma bandeira palestiniana foi ondeada no transcurso duma sessão no Parlamento.
As próprias palavras e expressões que se estám utilizando têm reminiscências dos anos 30 na Alemanha názi.
A fim de semana passada, um grupo de gente escreveu “Vamos-vos matar” na porta duma das maiores sinagogas de Izmir (Turquia). Perto da Universidade de Estambul, outro grupo pendurou um enorme cartaz na porta duma loja regentada por um judeu: “Não merquem aqui, esta loja pertence a um judeu”. Outro grupo empapelava, mentres, as suas paredes com cartazes que diziam: “Permitem-se cães. Judeus e arménios não estám permitidos”. Alguns rapazes estám começando a ser ameaçados violentamente se são vistos como pro-israelis em sítios web e redes sociais como Facebook ou Hi5.
A gente começa a dizer que enviem “de novo” aos judeus aos fornos…
“Devolvamo-los ao forno!” , berram, incitando ao assassinato seguindo os usos com que os názis esterminaram os judeus durante o Holocausto.
“Um forno mais grande, isso é o que necessitades”; como se os judeus tivessem escapado dos fornos nos campos da morte uma vez que entraram.
E esses cantos de morte aos judeus com gas letal, sob o pretexto da solidariedade com Palestina: “Hamas, Hamas, Jews to the gas.”
Não israelis. Não sionistas... JUDEUS.
Contudo há uma diferença. No século XX, a Liga das Nações não ajudara nem instigara a vilificação dos judeus. Não podemos dizer o mesmo da sua sucessora, as Nações Unidas (ONU). A 2ª Conferência de Durban foi um canto à destrucção de Israel, e uma negação do Holocausto.
Israel enfrontou-se a Hamas, e o resto do mundo enfrontou-se aos judeus. Já não aos israelis, nem aos sionistas…aos judeus.
O número de ataques ánti-semitas arredor do mundo, no transcurso das três semanas que durou o operativo militar contra Hamas em Gaza, foi um 300 % superior ao mesmo período do ano anterior, dacordo com um informe que publicava o Domingo o Foro Global contra o Ánti-Semitismo.
Os assaltos violentos incluiram tanto ataques contra sinagogas e comunidades judeas, como assaltos vandálicos contra propriedades privadas de judeus, segundo o citado informe.
O número e intensidade de incidentes ánti-semitas durante a guerra de Gaza não conhece precedentes nas duas últimas décadas, dixo o oficial da Agência Judea, Amos Hermon, numa conferência de prensa na sede de Jerusalém, onde se ofereceu à luz pública o referido informe.
Ontem, um amigo dizia-me que tudo isto dava força ao argumento de “Uma .22 para cada judeu”. É um bom argumento, mas só nos EEUU, onde podemos fazilmente conseguir e portar encima uma .22, inclusso nas cidades onde mais trabas podam existir para levar armas. Em Europa e Austrália temo-lo muito mais complicado. E em Sul África? E nos Estados muçulmãos?...Para que vamos falar. E é aí onde os judeus correm um maior risco. Onde não se podem defender por sim próprios.
O amigo citado tem a sua .22, e a sua .38. Mas a mim não me preocuparia ter que defender-me dos que nos ódiam ali. Isso são os EEUU. Ali impediram que uma multidão de fanáticos se concentrassem na mesquita central de Chicago tras o 11-S. Ali não permitem que uma multidão de fanáticos tratem de atemorizar aos judeus em nenhuma parte. E a sua polícia não tomaria nesse suposto a actitude da polícia londinense, tão respeitosa com a furiosa manifestação ánti-semita.
Mas, repito, ali não é onde está realmente o problema.
Vam pelos judeus de Europa, novamente.
A noite do venres, mentres ceávamos, uma amiga supervivente do Holocausto comentava-me que está intentando persuadir por todos os meios ao seu filho para que saque à sua família de Europa e a leve aos EEUU, Canadá, Israel. “Dizem que não querem abandoar-me, mas eu dissem-lhe: ‘Vai-te, marcha. Os meus pais deixaram aos meus avós em Berlin e trouxeram-me a mim para pôr-me a salvo
É hora de marchar.
Outra amiga vem de regressar de Amsterdam, onde se achou dias atrás no meio duma manifestação pro-palestiniana onde os aderentes (alguns deles nativos europeus) desfilavam com os rostos tapados berrando “Hamas, Hamas, judeus ao gas!”. Porém ela manifestava certo optimismo, acreditando que a opinião pública se irá decatando devagar –a pesar dos intentos dos masss media esquerdistas que dominam o país- de que cumpre reagir.
Não a fagades caso. É hora de marchar. O mundo nunca nos minte quando proclama chegada a hora de matar judeus
Sabedes que dia tem escolhido a ONU para inaugurar a sua Conferência de Durban sobre o Razismo?
O 20 de Abril.
O dia do cumpreanos de Hitler.
É hora de marchar.
Os 20.000 manifestantes de Paris não estavam na rua para pedir a paz, senão para exigir a destrucção de Israel. Queimaram-se bandeiras israelis, o apoio era explicitamente para Hamas, nem sequer para Fatah (organização que, doutra banda, tem traicionado ao seu próprio povo), e podiam-se ver retratos gigantes de Nasrallah. Uma das frases mais coreadas e repetidas foi: “Mortes aos judeus, morte ao sionismo”. Isto
São máus tempos para orar numa sinagoga na parte leste de França ou nos subúrbios de Paris –arrojam-se no interior de cada uma delas um promédio de um ou dois objectos incendiários por semana.
Sim. É hora de marchar.
MERYL YOURISH
2 Shevat 5769 / 27 Janeiro 2009
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