Alguns fervorosos feiglinistas poderiam acreditar sinceramente que votando Likud, não só sumariam apoios a Moshe Feiglin para acceder à Knesset, senão que um ou dois dos deputados desta tendência poderiam receber uma carteira ministerial, evitando assim que Binyamin Netanyahu tenha a tentação de entregar Judea e Samaria. Não todos os feiglinistas são tão ingênuos. Contudo, a maioria demonstram uma lamentável ignorância do sistema de governo baseado na magistratura dum Primeiro Ministro.
Observade que falo de sistema de governo baseado na magistratura dum Primeiro Ministro. Contrariamente à crença geral, Israel não é uma democracia parlamentar, senão apenas uma autocracia eligida democraticamente. O Primeiro Ministro israeli tem mais poder ante a Knesset que o Presidente dos EEUU respeito o Congresso, se quer seja porque o Congresso americano pode condicionar o programa legislativo e a política exterior, inclusso quando ambas câmaras estám controladas pelo mesmo partido ao que pertence o Presidente.
Não existe esse sistema de pesos e contrapesos no Governo israeli. Se queredes uma prova, desde a constituição do Estado de Israel há mais de 60 anos, nenhum governo Laborista, do Likud ou de Kadima tem sido derrocado por um voto de confiança na Knesset.
Os Primeiros Ministros de Israel têm um enorme poder sobre o seu gabinete ministerial. Os ministros sabem que podem perder o posto e os seus privilégios no caso dumas novas eleições antecipadas. Dado que os ministros do gabinete são os dirigentes dos partidos que formam as coaligações dirigentes da Knesset, um Primeiro Ministro pode fazilmente manipular a vontade da Knesset. Isto é exactamente o que fixo Ariel Sharon em Outubro de 2004, quando “persuadiu” a 22 membros do Likud para que votassem uma “desconexão unilateral” da que eles próprios abominaram durante a campanha eleitoral; amparando-se basicamente em que os membros da Knesset não são eligidos directamente pelos eleitores nos comícios constituíntes.
Regressando à questão feiglinista: lembremos que Sharon destituiu a Benny Elon (União Nacional) e Avigdor Lieberman (Israel Beiteinu) como membros do gabinete devido à sua oposição à “desconexão unilateral”. Elon e Lieberman eram dirigentes de partido, e podiam indizir a outros membros da câmara a que se opugessem a Sharon. Mas que poderiam fazer dous ministros feiglinistas do Likud –no caso de que houvesse algum- para além de renunciar a seguir no Governo de Netanyahu? Bibi não teria problema em reempraçá-los com outros parlamentários do Laborismo ou de Kadima. Sendo ainda mais realistas, que poderiam fazer como simples parlamentários do Likud?
Ao igual que Sharon, Netanyahu desenhará um acordo de coaligação que requerirá que qualquer feiglinista apoie as políticas governamentais. E se não o fazem, sufrirão as conseqüências, quaisquer que sejam.
À vista destas considerações, e da absoluta falta de fiabilidade de Netanyahu –documentada por mim já noutros artigos-, semelha que os feiglinistas fazeriam bem em votar por algum partido que inequivocamente se oponha ao Estado palestiniano, que não é outro neste caso que a lista de partidos conformada pela UNIÃO NACIONAL.
Os feiglinistas deveriam considerar que a União Nacional não terá a cortapisa de nenhum acordo de coaligação tramado por Netanyahu. Deveriam, pois, ponderar os milheiros de votos indecisos que poderiam recalar na União Nacional.
Ichud Leumi aposta por uns princípios políticos e umas posições políticas que atingem a uma grande parte do eleitorado –sobre tudo, a NÃO criação dum Estado palestiniano. A gente desconfia de Netanyahu neste ponto.
Muitíssimos votantes perguntam-se se Netanyahu seria capaz de suportar a pressão dos EEUU neste tema. E Bibi também não é famoso pela sua implicação em questões como a da educação judea e a preocupação pelos mais desfavorecidos.
Outra consideração adicional. A União Nacional inclui ao partido HATIKVA, liderado por um dos mais valentes membros da Knesset, o professor Aryeh Eldad. Contrariamente ao triste récord de Netanyahu e o Likud na “desconexão” de Gaza, Eldad lutará com unhas e dentes antes de ceder um só metro a um Estado palestiniano.
Ainda mais, Eldad, como Uri Banks do Moledet (outro dos partidos integrados na União Nacional) abandeiram também a proposta de reforçar o poder popular nas eleições constituíntes –algo ao que se opõe Netanyahu.
Estas são razões suficientes para que os feiglinistas o pensem duas vezes antes de apoiar ao Likud.
PAUL EIDELBERG
8 Shevat 5769 / 2 Fevereiro 2009
Etiquetas: Eidelberg
0 comentarios:
Enviar um comentário