O ascenso imparável de Lieberman nas enquisas testemunha o descontento popular com o establishment. A sua representação na próxima Knesset incrementaria-se num 50% tras a ofensiva policial emprendida contra ele. Tras as investigações sobre Rabin, Katsav, Olmert e tantos outros, os israelis desconfiam da polícia.
Os arrestos pré-eleitorais no entorno de Lieberman não figeram senão reforçar a sua reputação de ánti-establishment. Assim, agora ocupa um atractivo terreno de ninguém: um imigrante que vai por livre, quando todo o mundo amosa estar desencantado com os políticos autóctonos, e um israeli com uma longa experiência militar. Lieberman não é um corrupto segundo o que se estila em Israel: o seu dinheiro procede de fóra mais que da corrupção governamental. Numa época em que todas as políticas do Governo face os palestinianos têm fracassado, a posição implacável de Lieberman de proximidade a alguns postulados de Meir Kahane é, quando menos, alentadora. Dacordo que é um demagogo, etc., etc. –mas que político não o é?
O ascenso de Lieberman vai para além do fracasso do apoio do Likud ao intento de Netanyahu de diferenciar-se respeito os Laboristas e Kadima: os seus programas são semelhantes. Fragmentando o voto ao bloco de direita, Lieberman e Netanyahu alfombram o caminho a Kadima. Idealmente, o Likud, Israel Beiteinu e outros partidos de direita e religiosos poderiam ter concorrido unidos num só bloco: o simples facto de acudir em bloco já teria reportado uma enorme quantidade de votos extra. A situação actual, contudo, não é má: de facto, eu preferiria que Kadima formasse Governo. Por contraditório que soe, seria melhor para o país.
No Governo, Netanyahu continuará com a política de Kadima, bailando ao som que marque Obama. Certo, ainda não sabemos qual será esse som: igual que o prototípico judeu assimilado actua em contra dos interesses judeus, assim Obama poderia actuar contra os interesses dos muçulmãos –e de suceder isto, o Governo israeli quiçá goçasse do permisso dos EEUU para desenvolver uma política genuinamente nacional. No Governo de unidade nacional que perseguem Livni e Barak, Netanyahu teria que desenvolver políticas “pacifistas”. Se se negasse, como sucedeu inicialmente com a entrega de Hebron, o Shabak poderia levar a cabo uma das suas características provocações. [Em 1997, ante a renuência de Netanyahu a entregar Hebron, um soldado israeli abriu fogo num mercado de Hebron, onde casualmente um feixe de câmaras de circuito fechado de vídeo estavam preparadas. Quase imediatamente, o Governo aprovou a entrega de Hebron, e Netanyahu chegou ao extremo de apresentar desculpas ante Arafat pelo incidente. Arafat, que naquela época supervisava muitos dos atentados terroristas contra os judeus, amosara-se indisimuladamente comprazido].
Estando na oposição, Netanyahu condearia ferozmente um governo Livni-Barak-Lieberman, e fustigaria as suas políticas entreguistas. Lieberman uniria-se-lhe em pouco tempo nas bancadas da oposição, acurtando o praço de vida do eventual governo e desacreditando-o. Os judeus podem votar tranquilos por Lieberman, e assim de passo afastar a moderada ameaça duma vitória do Likud.
Logicamente, Lieberman é a melhor opção na presente carreira eleitoral. Mas se queredes votar com o coração, o ICHUD LEUMI de Baruch Marzel é a opção correcta.
OBADIAH SHOHER
12 Shevat 5769 / 6 Fevereiro 2009
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