SUBMISSÃO EM HOLANDA



Segundo publicava ontem a prensa holandesa, “o Partido da Liberdade (PVV) está impactado pela decisão do Tribunal de Apelação de Amsterdam encaminhada a perseguir a Geert Wilders pelas suas manifestações e opiniões. Wilders considera esta decisão um assalto à liberdade de expressão”.

A atroz decisão de encausar a Wilders, dirigente do Partido da Liberdade e membro de reconhecimento internacional do Parlamento holandês, por “incitação ao ódio e discriminação” contra o Islam é sem dúvida um assalto à liberdade de expressão. Mas ninguém que tenha seguido o acontecer dos acontecimentos em Holanda durante a última década pode estar surprendido por isto. Longe de ser algo excepcional, é o passo previssível dum longo e vergonhoso processo de submissão ao Islam –e os seus crescentes intentos de silenciar qualquer crítica- por parte do establishment holandês.

Que distinto derroteiro teria seguido Holanda se Pim Fortuyn seguisse vivo! Na primavera do 2002, o sociólogo metido a político –que não aforrava palavras para advertir da ameaça para a democracia que representava no seu país a veloz expansão da “sharia”- aparecia num alto posto das enquisas, perfilando-se como o próximo Primeiro Ministro. Para os que o apoiavam, Fortuyn representava uma voz solitária de valentia e a encarnação da esperança na preservação da liberdade na terra dos diques e os muñinhos de vento. Mas para a classe política holandesa e os seus aliados nos mass media e nos meios acadêmicos –cegados pelo multiculturalismo, temerosos de serem tachados de “razistas”, ou simplesmente aterrorizados de ofdende aos muçulmãos- Fortuyn supunha uma ameaça. Apresentavam-no como um perigoso razista, um novo Mussolini disposto a tiranizar às minorias indefensas. O resultado: o 6 de Maio de 2002, nove dias antes das eleições, Fortuyn foi tiroteado por um activista de extrema esquerda embriagado de propaganda. O establishment holandês permaneceu no poder. Para muitos holandeses a esperança morreu nessa data.

A causa de Fortuyn foi continuada pelo jornalista e director de cinema Theo van Gogh, que estava trabalhando num filme sobre Fortuyn quando foi assassinado numa concorrida rua de Amsterdam o 2 de Novembro de 2004. O assassino, um jovem islamista holandês enfurecido pelo filme de Van Gogh, “Submission”, sobre a opressão islâmica às mulheres. Exemplo da reacção das elites políticas holandesas foi o rechaço da Raínha Beatriz a acudir ao funeral de Van Gogh. Em vez disso, rendiu uma fraternal visita ao Centro da Comunidade Marroqui.

O foco dirigiu-se, depois, a Ayaan Hirsi Ali, a brilhante somali membro do Parlamento holandês e co-autora do guião de “Submissão” quem, rechaçando o seu islamismo natal, convertira-se numa eloqüente advogada das liberdades, espeicalmente dos direitos das mulheres muçulmãs, que padecem uma opressão em Holanda não menor que a que sofrem nos seus países de orige. Hirsi Ali foi afortunada: não foi assassinada, só acossada, até que abandoou o Parlamento e o país, por um establishment político que via nela –como em Fortuyn e Van Gogh- uma presença perturbadora.

Isto último foi em 2006. Nesse mesmo ano, como demonstração do abismo existente entre os pontos de vista da gente e das suas elites, uma enquisa reflexava que o 63% dos holandeses consideravam o Islam “incompatível com o estilo de vida europeu”. Porém, Piet Hein Donner, Ministro holandês de Justiça, manifestava que “se 2/3 dos holandeses quigessem aprovar a sharia amanhã não poderíamos dizer que não está permitido”.

Expulsada Hirsi Ali, a antorcha passou a Geert Wilders. Em certo sentido, semelha que ele é a última figura prominente em Holanda disposta a falar dos perigos do fundamentalismo islâmico. Os mesmos que demonizaram a Fortuyn são os que pretendem reprimir a Wilders. Em Abril do 2007, oficiais dos serviços de inteligência e seguridade deram-lhe um toque de atenção exigindo que moderasse o seu discurso sobre o Islam. O passado mes de Fevereiro, o Ministro de Justiça submeteu-no ao que qualificou como umas “horas de intimidação”. O anúncio de que estava preparando um filme sobre o Islam fixo que os seus inimigos volvessem a prender o lume. Antes inclusso de que “Fitna” estivesse rematada, Doekle Terpstra, um dirigente destacado do establishment holandês, convocou manifestações de protesta contra o filme. Terpstra promoveu uma plataforma de dirigentes políticos, acadêmicos, de negócios, e religiosos, com o único propósito de isolar a Wilders do debate público. As cidades holandesas estám ateigadas de células terroristas e fundamentalistas islâmicos que celebraram o 11-S e que adoram a Osama Bin Laden, mas para Tepstra e os seus aliados políticos o autêntico problema era o único membro do Parlamento que não estava disposto a calar. “Geert Wilders é um diablo”, dixo Terpstra, “e o diablo tem que ser eliminado”. Fortuyn, Van Gogh, e Hirsi Ali foram eliminados, agora era o turno de Wilders.

Mas Wilders –que durante anos tem vivido com escolta as 24 horas do dia- não é fázil de amordazar. Daí a decisão de levá-lo aos tribunais. Nas escolas muçulmãs holandesas e nas mesquitas, a retórica incendiária sobre Holanda, os EEUU, os judeus, os gays, a democracia, e a igualdade sexual é pura rutina; toda uma geração de muçulmão holandeses estám sendo conduzidos a actitudes criminais face a sociedade na que vivem. E ningum de eles é perseguido em base a isso. Sem embargo, os tribunais holandeses –uma nação que no seu dia foi célebre por constituir um oásis para a liberdade de expressão- têm decidido perseguir a um membro do poder legislativo por falar em conciência. Fazendo isto, demostra-se exactamente o que Wilders vem dizendo desde há tempo: que o medo e a “sensibilidade” face uma religião de submissão está a destruir as liberdades em Holanda.


BRUCE BAWER*

22 Janeiro 2009

* Bruce Bawer é autor de “Mentres Europa durme”, editado em castelhano pela FAES.
22 janeiro 2009

0 comentarios: