GUSH KATIF REVISITED


Recapacitando na recente guerra de Gaza, um pergunta-se se a desconexão foi ou não um acerto. A resposta é: podes ganhar todas as batalhas, mas perder a guerra.

A desconexão foi tacticamente sensata. De 2001 a 2005, Hamas lançou mais de 5.000 projectis e obuses sobre Gush Katif. Os seus antigos residentes, que nostalgicamente anhoram a sua vida em Gush Katif esquecem que 149 pessoas foram assassinadas durante esses anos e muitas mais resultaram mutiladas. Embora as medidas policiais melhoraram a situação, é dificil imaginar por que haveria Hamas de bombardear Gush Katif menos que Sderot: na medida em que a indústria dos Qassam proliferou, os ataques teriam-se incrementado.

A desconexão também teve sentido politicamente falando. Sharon provavelmente imaginou que a retirada propiciaria uma boa predisposição internacional face os esforços de paz israelis estabelecendo um Estado terrorista em Gaza, de forma que a comunidade internacional não pretendesse impôr a mesma solução no West Bank.

Sempre ficará a dúvida de se Hamas teria resultado eligida de ter permanecido Israel em Gaza. Os EEUU promoveram eleições democráticas e a vitória e Hamas, mas as IDF poderiam ter enviado ao exílio aos candidatos de Hamas.

Tras a desconexão, as IDF ficaram sem liberdade operativa em Gaza. O exército aínda realizou várias incursões secretas em território inimigo, mas o alcanço das operações foi muito inferior respeito às do West Bank. Os mestres artificieiros de Hamas e os seus fabricantes de foguetes artesanais trabalharam com relativa seguridade, e puideram provar o seu labor em termos de qualidade e quantidade.

No que se refere à defesa, Gush Katif não foi muito diferente a Sderot: uma zona de seguridade de meia milha arredor dos assentamentos teria eliminado o problema das granadas de mão e outros ataques pessoais; como Sderot, Gush Katif só teria sido vulnerável mediante Qassams.

A desconexão nasceu do delírio esquerdista de que todos os problemas têm solução. Mas basta contemplar o sucedido em Chechênia ou Irlanda para advertir que muitos problemas bem sérios carecem de solução imediata. Tanto com desconexão como sem ela, os projectis teriam seguido caíndo, emprenderíamos acções de repressália, etc. Em muitos países as zonas fronteirizas funcionam à marge da lei.

A desconexão foi conseqüência de prioridades bastardas: as da paz por riba dos judeus e dos ideiais judeus. Teria sido preferível para um governo israeli despraçar a milheiros de árabes da zona fronteiriza com Gush Katif que não a milheiros de judeus da própria Gush Katif.

Teoricamente, a retirada de Gush Katif pretendia pacificar aos árabes, na medida em que as suas exigências eram atendidas. Na realidade, ambas tendências remataram por entrar em conflito: os árabes sentiram-se vitoriosos e, certamente, não tinham nenhum motivo para seguir pressionando. A pesar de toda a sua retórica radical, inclusso Hamas teria que aceitar a realidade do Estado judeu. Mas, tendo sido incitados pela derrota israeli em Gush Katif, os árabes agardavam qualquer pretexto para reanudar os ataques. Assim, as restricções nos passos de fronteira israelis rapidamente degeneraram numa guerra aberta de lançamento de mísseis. De não ter sido pelas restricções, qualquer outro pretexto teria servido. Na habitual espiral de violência, pequenos grupos palestinianos atacariam Israel por nímias ou imaginárias ofensas, Israel aumentaria a magnitude da resposta, as milícias palestinianas entrariam em acção, desencadeando-se um conflito, chegaria a seguir a intermediação, e tudo remataria num alto o fogo. E o ciclo começa novamente.

A desconexão produxo o resultado oposto nos judeus. Estabeleceu um precedente da contundente repressão de Israel contra os próprios judeus. Certo, já tivéramos o desalojo de Yamir três décadas antes, mas os judeus só viveram ali durante uns poucos anos, e não durante três gerações. A destrucção de Gush Katif também foi em contra do espírito sionista de assentar-se nos territórios, e da premisa atea do sionismo de que “qualquer território que desenvolvamos é nosso”. Derrotados em Gush Katif, os israelis trataram de esquecer a debacle. Mentres os palestinianos saltam às primeiras de câmbio para atacar aos judeus, os judeus retrocedem inclusso antes as mais inaceptáveis provocações. Os palestinianos crescem com o seu éxito, os judeus enterram-se na sua vergonha.

Contudo, a desconexão não foi um desastre irremediável. Ao igual que o reinado bíblico se expandiu ou se retraiu segundo o momento, assim a moderna Israel –baixo um liderádego decente- retomará Gush Katif. Mas a sua entrega foi um erro estratégico.


OBADIAH SHOHER

1 comentarios:

It's a shame that they are still being treated so poorly by the government! We will return to Gush Katif one day, never to leave again. Boruch Hashem.

19/02/09, 02:35