Israel perdeu a guerra de Gaza: accedeu às demandas pré-bélicas de Hamas de abrir os passos fronteirizos, aceitou a promesa vazia de Hamas de deter o lançamento de projectis, e aceitou o intercâmbio de mais de um milheiro de terroristas palestinianos presos por um desafortunado cabo das IDF. Existia acaso alternativa? Muitas, sem dúvida.
Israel começou perder a guerra quando insinuou aos palestinianos que não seriam machacados. Os danos colaterais afectaram a menos do 0’5 % da população. O resto esteve a salvo e será pontualmente indemnizado pela destrucção das suas propriedades –mediante a transferência de impostos procedentes dos contribuíntes de Israel. Baixo essas condições, os habitantes de Gaza não tinham razão alguma para retirar o seu apoio a Hamas. A maioria dos guerrilheiros fogiram ilesos também, a pesar de que as IDF conheciam o seu paradeiro ou, quando menos, o das suas famílias.
A fórmula para uma campanha ánti-terrorista exitosa é bem conhecida: despregar uma violência excepcional. Qualquer pessoa com a mais remota conexão com a guerrilha deveria convertir-se num objectivo legítimo, e não só para ser tiroteada, senão para variantes mais extremas de aniquilação. Os russos em Chechênia não hesitaram em abrir fogo contra qualquer nativo que amosasse um comportamento minimamente agressivo; alguns chechenos cairam no combate, mas a maioria optou por mudar a uma expressão mais amável no seu rosto. Não é que seja algo grato nem legal, mas é muito eficaz.
O contraterrorismo é precisamente isso, empregar o terror contra os terroristas ou, mais bem, a sua base de apoio. A longo praço o contraterrorismo não é uma boa solução: os exércitos modernos dificilmente podem manter uma crueldade excessiva durante períodos muito prolongados. A expectativa de crueldade entre a população incrementa-se mentres a crueldade não decreze; os que apoiam aos terroristas envalentonam-se ante a percepção do decrecimento da crueldade.
Para além do que afirme a Corte Suprema Israeli, os escudos humanos árabes e os castigos aos familiares são medidas militares habituais, e as IDF poderiam continuar practicando-as sem nenhum temor a sofrer um dano moral. Prender lume às vilas com os seus habitantes dentro, e os raids de castigo não são viáveis; na situação actual, Israel carece dessa opção. Mas a ocupação sim que pode: desenvolver um exaustivo trabalho policial, fechar todas as instituições comunais –incluíndo universidades e meios de comunicação-, e expulsar aos palestinianos “criadores de opinião” dos postos educativos. Essa seria uma via efectiva de pacificação da hostilidade territorial.
Mas a única solução válida a longo praço –e a menos penosa- é a que Maquiavelo sugeriu aos conquistadores: expulsar e dispersar à população hostil. Só quando os palestinianos sejam expulsados poderão os judeus continuar com uma vida normal.
Curiosamente, o tránsfer ainda beneficiaria aos habitantes de Gaza. Um milhão e meio de pessoas não se pode desenvolver economicamente numa estreita faixa de deserto, sobretudo a quarta geração de refugiados que carecem inclusso das escasas destrezas dos seus congéneres do West Bank. Os árabes do exterior, claro, prefirem a essa massa criminal em Gaza, mais que inundando os países muçulmãos; também para utilizá-la criando problemas a Israel. Sendo expulsados ao Líbano, os habitantes de Gaza podem abandoar os campos de refugiados e emprender umas vidas normais. Sim, já sei que muitos preferem seguir nos campos de refugiados da UNRWA vivendo das ajudas assistenciais, sabedores de que no Líbano o governo local supervisaria os campos com medidas menos contemporizadoras. Do mesmo modo que não duvidaram em bombardear campos de refugiados com artilharia para sofocar a insurrecção de Fatah [guerra do Líbano de 1982], o exército libanês fazeria o mesmo com outros terroristas palestinianos: em não menor medida porque os libaneses –como o resto dos árabes- ódiam aos palestinianos, mas também para evitar uma acção de represalia israeli contra o Líbano pelos seus ataques.
As medidas aparentemente mais crueis rematam por ser as mais humanitárias.
OBADIAH SHOHER
24 Shevat 5769 / 18 Fevereiro 2009
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