Maquiavelo atribui a grandeza da República Romana não só à excelência do seu Governo, mas também à sua liberalidade em admitir como cidadãos aos estrangeiros.
Mas esta política pode pôr em perigo o Estado. Muitos povos orientais, que nunca conheceram o modo de vida da República –e que não tinham interesse em conhecê-lo- passaram a ser cidadãos de Roma, o qual contribuiu ao declive romano.
Algo semelhante se está a passar nos EEUU. As flexíveis leis de imigração têm propiciado que milhões de mexicanos e muçulmãos se convirtam em cidadãos norteamericanos. Muitos, senão a maioria, destes cidadãos –especialmente os muçulmãos- não se assimilam fazilmente. Isto levou a que o eminente estudoso das ciências políticas, Samuel Huntington, escrevesse um livro intitulado “Quem somos?: os câmbios na identidade nacional dos EEUU”.
A culpa não é só das permisivas leis de imigração, como as que regem actualmente
As elites dirigentes de Israel –políticos, juízes, acadêmicos e jornalistas- estám contaminados pelo multiculturalismo. O seu débil sentido da identidade nacional judea subjaz na política governamental de “territórios a câmbio de paz”. Esta política estimula o terrorismo e o inequívoco objectivo dos árabes de borrar Israel do mapa.
O que escasea em Israel não é a capazidade senão o desejo de rematar com o terrorismo árabe. Esta carência é devida à corrosiva influência do relativismo cultural que asola de progressismo secular as universidades israelis.
Por suposto, o sistema israeli de governo multipartidista tem também a sua parte de culpa. Um Executivo composto por cinco ou mais partidos rivais, dificilmente pode dar image de decisão e resistência se o comparamos com um gabinete unido ou presidencial. Porém, para além da urgente necessidade duma reforma constitucional, Israel necessita reformar as suas instituições educativas, incluíndo o currículum das suas mais altas esferas. Estas instituições educativas producem políticos e mandos carentes de fortaleza intelectual e espiritual.
A ausência de determinação política tem sido algo inerente a Israel, quando menos, desde Dezembro de 1987, que é quando estoirou a 1ª Intifada e quando o dirigente do Likud, Yitzhak Shamir, encabeçou um Governo rotativo de unidade nacional com o dirigente laborista Shimon Peres.
Desde então, Israel tem iniciado uma senda, que já dura mais de vinte anos, de debilidade governamental. Três dos seus Primeiros Ministros –Rabin, Sharon e Barak- foram generais que iniciaram ou implementaram a política de “territórios a câmbio de paz”, uma política que tem dado como fruto mais de 10.000 judeus mortos desde 1993!
É precisa uma re-educação específica para concluir que a ideia de paz com a OLP –a maior organização terrorista mundial- é um síntoma de enfermidade ou de imbecilidade? Em qualquer caso, os acadêmicos seguem promovendo ou apoiando um Acordo entre Israel e a OLP. O mais prominente foi o professor da Universidade Hebrea, Yehoshafat Harkabi. Harkabi, um autodenominado relativista cultural, conhecido mentor de Shimon Peres, é um firme promotor do Estado Palestiniano (assim como o seu colega de Universidade, o professor Shlomo Avineri, que no seu dia serviu como Director Geral do Ministérios de AAEE).
Deixade-me lançar uma pergunta: pode um relativista cultural –multiculturalista e cosmopolita- sentir um amor apassionado pelo povo judeu e a herdança que os distingue como judeus? Harkabi adicou o seu primeiro livro aos judeus e os árabes. Shimon Peres, que apoia a retirada dos Altos do Golan, não tem nada em contra de que os judeus fiquem ali vivendo baixo mandato sírio!
Têm estas elites intelectuais e políticas a mais mínima ideia de que é o que preserva e o que destrue a uma nação? Têm estudado a História alguma vez, ou os discursos de Maquiavelo referidos a Roma –ainda melhor, a “Política” de Aristóteles, ou a sorte que correu Atenas?
Eu preferiria deixar a política exterior em mãos de qualquer pessoa escolida ao açar duma guia de teléfonos. De facto, antes das eleições de Junho de 1992 que levaram ao poder a Rabin e que derivaram no desastroso Acordo Israel-OLP, uma enquisa de opinião sinalava que a imensa maioria dos judeus estava em contra de negociar com a OLP ou dum Estado palestiniano.
A propósito, Rabin foi o primeiro nativo de Israel em chegar ao posto de Primeiro Ministro. Qualquer israeli deveria ter sentido asco quando Rabin apretou a sanguenta mão de Yasser Arafat. A honra nacional judea morreu aquele mesmo dia. Também Binyamin Netanyahu dou a mão a Arafat e está ansioso por fazer o mesmo com o seu sucessor, Mahmoud Abbas.
Como podem os políticos judeus amar ao seu povo, quando confraternizam com os que ódiam e assassinam judeus? É assim como muitos políticos judeus demonstram –de palabra e facto- o seu orgulho de serem judeus e o seu amor apassionado pelo povo judeu?
Que caberá agardar, pois, dos cidadãos israelis que não sejam judeus?
PAUL EIDELBERG
23 Shevat 5769 / 17 Fevereiro 2009
Etiquetas: Eidelberg
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