O JOGO DOS NOMES


Como tantos dentro do campo nacional, tenho seguido com interesse a actividade da facção do Likud MANHIGUT YEHUDIT. A tese central desta facção é que a maioria dos votantes de direita “sentem-se como em casa” no marco do Likud e que, durante as últimas décadas, este tem sido o partido mais grande dentro do campo nacional. Segundo isso, se o campo nacional aspira a ter um papel dirigente, o Likud seria a única força legitimada para afrontar esse cometido. Mas essa teoria cai pelo seu próprio peso, e nas seguintes linhas vou argumentar por que.


Antetudo, cumpre sinalar que historicamente o Likud não é um partido de “direita”. O Likud (que literalmente significa “unificação”) formou-se a mediados dos anos 70 como uma coaligação entre o Partido Herut de Menachem Begin e o Partido Liberal de Israel. O herói de guerra do Mapai, Ariel Sharon, que servira como ajudante de Yitzhak Rabin e que era sócio político de Yossi Sarid, foi o elemento “unificador” destes extranhos companheiros de cama. Através desta convergência Begin conseguiu o posto de Primeiro Ministro em 1977, desde o que finalmente deu início ao processo de retirada e entrega da Península do Sinai e a promesa de autonomia para os “palestinianos” de Judea, Samaria e Gaza. Cumpre ter presente que nenhum partido é mais responsável do desmembramento em pedaços de Eretz Israel que o Likud.


Para além disso, sentando o precedente da política de “paz por territórios”, o Likud tem-se distanciado progressivamente de qualquer atisbo de filosofia nacional, passando a ser cada vez mais acentuadamente o refúgio de políticos ideologicamente inestáveis e dos seus oportunistas amigos ansiosos de figurar e fazer carreira política. Tem sido uma casa aberta a personagens como Shaul Mofaz e Moshe Ya’alon, que negociam com o Likud ao tempo que prestam os seus serviços dentro das formações esquerdistas do Kadima e o Partido Laborista.


A táctica do Manhigut Yehudit de tomar o mando dentro do Likud basea-se na premisa de que os seus votantes são leais ao nome do partido, e não necessariamente ao líder do partido. Pretendem dar a entender com isto que se Moshe Feiglin chega a converter-se na cabeça vissível do partido, então os eleitores do Likud votarão “automaticamente” por ele, em quanto que são leais às siglas do Likud. Dsgraçadamente, esta táctica já foi ensaiada por dois prominentes membros do Likud, Benny Begin e Michael Kleiner. Constituíndo o Partido Herut –que era o nome originário da formação fundada por Menachem Begin- pensavam que ganhariam o apoio dos votantes do Likud pretendendo que eles representavam os valores autênticos e tradicionais do Likud. Mas o Herut nunca chegou a despegar. Se dois velhos likudniks não foram quem de sair exitosos no seu intento de aglutinar os votos do Likud, como o vai poder lograr um segundão como Moshe Feiglin?


Aparentemente, a crença de que os eletores votam “automaticamente” pelo Likud, sem importar a sua dirigência, está viciada de orige. Os votantes não são tão parvos. O Likud é uma organização bem engraxada, que funciona com uma dinâmica própria. Parte dessa dinâmica é a que Binyamin Netanyahu puxo em funcionamento para despraçar a Moshe Feiglin nas listas do Likud do posto 20 ao 36. Sim, muitos dos membros do Likud mostraram o seu desagrado com esse movimento e o partido resentiu-se nas enquisas, mas não impediu que apoiassem a Bibi de todas as maneiras, igual que o seguiram apoiando tras a sinatura dos Acordos de Wye Plantation e a entrega de Hebron em 1996.


O Likud é um grande partido actualmente, mas não foi sempre assim. Na cena política israeli, muitos partidos têm crescido e depois desaparecido. Hoje em dia, o Shas e o partido de Avigdor Lieberman, Israel Beiteinu, não estám muito por detrás do Likud. Igual que têm crescido nas votações pulsando os botões adequados, da mesma forma poderia fazê-lo uma lista nacional autenticamente unida, liderando eventualmente o país. O Rabbi Meir Kahane, por exemplo, foi eligido em 1984 simplesmente porque soubo conectar com a gente dizendo a verdade espida. Quatro anos depois, as enquisas sinalavam que encabeçaria o terceiro partido mais votado na Knesset. Quem sabe quam longe teria chegado de não ter sido ilegalizado? Esse percorrido fixo-o ele só, sem o apoio dos meios de cinco ou mais partidos nacionalistas. Com isto demonstra-se que possuír o “nome” duma franquícia política não é, às vezes, o caminho mais curto para alcançar uma posição de poder na Knesset.


O éxito da União Nacional na sua curta andadura de apenas umas semanas –tras constituír-se nos últimos minutos prévios à campanha- pode multiplicar-se por quatro ou cinco nas próximas eleições, se trabalham adequadamente. Para fazê-lo, os grupos alinhados genuinamente no campo nacional devem unir forças e cesar no seu indigno apoio a pessoas como Bibi e Lieberman, que têm demonstrado uma e outra vez ser leais só a sim próprios, mas não à Terra de Israel.


Podemos dirigir esta nação por nós próprios, sem necesidade de disfarçar-nos com as roupas dos outros.



DAVID HA’IVRI


7 Adar 5769 / 3 Março 2009


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