O CLUBE DOS JUDEUS ORGULHOSOS DE SÊ-LO

A ausência de riqueza não é o mesmo que a pobreza, e a ausência de arrogância não é o mesmo que a humildade. Não é preciso ir de humilde para evitar ser arrogante. O auto-respeito é uma actitude positiva.

Os rabinos fazem ênfase na humildade por um motivo: os judeus a ultrança poderiam ser exterminados. Dada a debilidade dos judeus comparada com as potenças imperiais e as nações onde vivem na Diáspora, semelhava razoável aceitar as humilhações para poder sobreviver, melhor que ser aniquilados literalmente em combates desiguais. Embora não carece de lógica, este argumento poderia ser equívoco. Desde os babilônios até os alemães, as nações hostis têm aniquilado quase por completo aos judeus ao longo da nossa história. A resistência desesperada poderia ter salvado mais judeus que o intento de disuadir aos agressores através da humildade. Na guerra de 66-70 da Era Comum, os judeus maioritariamente esconderam-se dos romanos em vilas fortificadas –uma táctica que incitou aos romanos a comportar-se de modo mais depredatório. Tras a derrota do ano 135, quando os judeus sob o liderádego de Bar Kochba combateram aos romanos heroicamente, os vitoriosos romanos deixaram em paz aos judeus que sobreviveram até tal ponto que os rabinos talmúdicos alabavam a justiça romana. A fortaleza dos judeus entre 132-135 foi mais útil para a supervivência da nação judea que a actitude humilde e servil ante os assassinos. Em termos de evolução social, a humildade nunca é uma aposta beneficiosa. A debilidade judea provoca ánti-semitismo.

O judeu não é humilde. De facto, está submetido ao mandamento de sentir orgulho. Os fios azuis rematados em borlas, que os judeus penduram no seu manto, é um símbolo de realeza. Só as classes altas luziam roupa azul na antigüidade, o que levou aos romanos eventulmente a tratar de monopolizar o comércio de pigmentos desssa cor. Todo o povo judeu recebera o mandamento de comportar-se como uma nação régia. Os rabinos azkenazis derrogaram a exigência das borlas azuis sob o pretexto de que o pigmento azul requerido era muito dificil de achar.

As reiteradas actitudes de humildade e submissão ante a escravidão levaram aos judeus às câmaras de gas; por que respeitar algo que se apresenta a sim próprio como mais humilde que um verme? D’us denomina aos judeus como os seus trabalhadores –não os seus escravos; esse epíteto foi amplamente exagerado na literatura rabínica. Uma massa de escravos é fázil de controlar; o mais insignificante dos rabinos é como um rei comparado com os humildes escravos judeus aduziados numa massa orando. D’us não necessita escravos. Os judeus devem ser pessoas decentes, conscentes da sua força, se realmente querem ser um facho entre as nações.

Os rabinos intentaram desenhar uma image amável dos judeus, convertê-los em seres “mais piadosos que o próprio D’us”. Mas os judeus não são amáveis. Desde aqueles que lutaram às ordes de Abraham até os que saquearam aos egípcios, desde os que derrubaram as cidades de Canaan a Dir Yasin até o KACH. Os judeus são qualquer coisa menos amáveis. Os judeus devem servir a D’us e os seus princípios morais com zelo, e como vam agir com zelo as pessoas humildes? O zelo tem a ver com a certeza do direito que se ostenta e com o desejo de estabelecer esse direito na Terra de Israel.

Os judeus amáveis supunha-se que tinham que falar amavelmente, e os rabinos inventaram a doutrina da “língua do diablo”. Que pode haver mais alheio ao judaísmo? Todo judeu tem a obriga de falar mal –muito mal- sobre as desviações, e de denunciar aos que obram mal. E isso é asim para além da piedade de cada um. Os juízes não necessitam ser intacháveis e rectos a fim de poder condear aos pecadores. A “língua do diablo” só é negativa se se usa para expandir falsos rumores. Falar mal duma pessoa malvada é uma obriga. Os judeus têm a obriga de denunciar-se a sim próprios a fim de limpar a sociedade.

Os rabinos modernos têm convertido o judaísmo numa paródia da Cristandade proclamando que o principal mandamento é o de “ama aos teus vizinhos”. Esse é só um mandamento técnico que servia para proibir a desigualdade dos estrangeiros ante os tribunais da lei. A grandeza do judaísmo é simplesmente…o judaísmo. Os judeus que se opõem ao judaísmo deveriam ser despreçados e expulsados, mais que amados. A tolerância –inclusso o amor- dos rabinos face todos os judeus senta um pésimo precedente: por que –pregunta-se um judeu normal- deveria eu agir com rectitude se os rabinos abrem os seus brazos inclusso aos pecadores?

Os rabinos acreditavam que tratae a todos os judeus com respeito (uma forma realista de amá-los) era a essência da Torá. Esse tipo de razoamento presupõe que a própria sociedade é capaz de expulsar o mal do seu interior. Todos os judeus seriam os nossos irmãos só numa sociedade relativamente pura. Na Diáspora actual ou em Israel há judeus aos que nem o mais irracional amante dos judeus poderia chamar irmãos: rabinos ateus, políticos corruptos, ad infinitum. O mandamento deveria ser reformulado pondo a ênfase no termo “irmão”. Por exemplo, “Trata com respito aos judeus que aceitem os valores judeus”. Nessa expressão “judeu” cobra uma qualificação plenamente significante. Um gentil que aceite o jugo dos valores judeus sobre sim próprio é tão bom como qualquer judeu. O mandamento poderia ser comprensivelmente enunciado como: “Respeita àqueles que aceitem os valores judeus”. Essa formulação faz fincapê na nossa aceitação dos valores judeus; automaticamente respeitaríamos àqueles que compartam o nosso sistema de valores. O mandamento, portanto, ressumiria-se em: “Aceita os valores judeus”. Essa é, sem dúvida, a essência da Torá.

O judaísmo não é uma religião de auto-imersão e prazenteira purificação do próprio espírito; não é uma religião individual ou monástica. O judaísmo trata sobre factos, e os factos invariavelmente afectam aos demais: árabes, homosexuais, criminais, e judeus que se auto-ódiam. O pacífico homosexual da casa do lado destrue a necessidade fundamental dos seus vizinhos judeus de viver dum modo culturalmente homogêneo. A propaganda atea nas escolas destrui inclusso os intentos dos melhores pais de que os seus filhos cresçam como bons judeus. Os bons judeus não podem “viver e deixar viver”, senão que têm que estabelecer um hábitat judeu –não em todo o planeta. Não num império continental, senão num pequeno anaco de terra. É essa pequenez territorial o que propicia que poidamos prescindir de qualquer tipo de “compromiso”: os judeus não temos suficiente espaço para compromisos.

Os rabinos reformistas iniciaram os diálogos interreligiosos, falam sobre a humanidade universal (por exemplo, casar com um caníbal), e depois amosam-se surprendidos pela percentagem de assimilação! Em que consiste a identidade judea se a nossa primeira identificação resulta que é com “toda a humanidade”? Pelo contrário, a identificação debe ir dos vínculos mais fortes aos mais débeis –família, nação, população judea da Terra de Israel, civilização, e, por último, humanidade. A última identificação inclui todas as demais e, portanto, é insignificante: a identificação só é possível no contexto dos opostos. Por que ser judeu se um judeu é um ser humano como outro qualquer? As suas ricas tradições não impedem que os franceses ou os italianos casem com outros e se assimilem noutras culturas. Por que acudir ao Templo judeu se é uma casa de oração como qualquer outra nas demais religiões? O judaísmo radica numa só pregunta: Revelou-se D’us no Monte Sinai? Os judeus abarrotariam as sinagogas se os rabinos contestassem a essa pregunta com um sinceiro e ressoante SIM. A fortaleza auto-alimenta-se. A gente une-se ao forte tanto por seguridade como por fogir do snobismo. Se os religiosos judeus constituíssem um grupo forte, orgulhoso, arrogante na sua declarada superioridade, os seculares judeus correriam a unir-se a eles. O remédio contra a assimilação é bem simples: fortaleza, associação e crenças. A assimilação é a conseqüência de ser politicamente correctos; os jueus politicamente incorrectos que proclamam a nossa superioridade religiosa não correm risco de assimilação.

Não tenhades medo de proclamar que o modo de vida judeu é inerentemente superior a qualquer outro. Os judeus são mais éticos porque aderem a um número maior de proibições éticas. O judaísmo trata da fortaleza –social e moral. Só uma sociedade forte pode expulsar aos que se desviam das ofensas morais. Só uma sociedade forte executa implacavelmente e castiga àqueles que ameaçam a sua integridade moral e a sua pureza ritual. Só uma sociedade forte pode exterminar a Amalek.

A força inibe a assimilação. Para os judeus norteamericanos, na guerra de 1967 “NÓS ganhamos”, mas no processo de paz “ELES estám entregando os territórios”. A Diáspora identifica-se com uma Israel forte e dissocia-se da débil.

Namorei-me de Nietzsche no momento em que soubem que admirava aos hebreus orgulhosos de sê-lo.


OBADIAH SHOHER

9 Sivan 5769 / 1 Junho 2009


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