BULA PAPAL

Mentres o discurso do Papa em Yad Vashem deixou muito que desejar, não gardou tanta compostura na sua homilia no campo de refugiados “palestinianos”. Falando diante dos dirigentes israelis, os representantes do Governo e os superviventes do Holocausto no Memorial Yad Vashem de Jerusalém, o Papa gardou-se muito de pronunciar as palavras “názis”, “assassinato” ou “seis milhões”, e nem squer pediu desculpas pelo silêncio do Vaticano durante a guerra e a sua apatia ante a massacre judea. O portavoz do Conselho de Yad Vashem, o Rabino Yisrael Meir Lau –ele próprio um supervivente do Holocausto- exprimiu o seu desgosto com o discurso do Papa, dizendo que “certamente não tem havido nenhuma apresentação de desculpas. Faltou algo. Não houvo menção dos alemães ou dos názis que participaram na carneçaria, nem uma palabra de arrependimento. Se não uma petição de desculpas, pelo menos uma expressão de remordimento”.

Apesar disto, o Papa não recuou na sua exigência de instituir um Estado terrorista árabe no coração da terra de Israel e o regresso do povo judeu ao exílio. Falando ante o megaterrorista de Fatah, Mahmoud Abbas, o Papa manifestou o seu apoio a “um fogar nacional palestiniano na terra dos seus antepassados”. Utilizou a ocasião para criticar a Israel por erigir uma barreira de seguridade que defenda dos terroristas suicidas às mulheres, homens e crianças judeus nas cafetarias, restaurantes e discotecas, uma barreira de seguridade que só se faz necessária devido ao implacável terrorismo islâmico. Abbas –que é apresentado permanentemente como um “moderado” em Occidente- aproveitou a oportunidade para lamentar a “Nakba de 61 anos atrás” e a fundação do Estado de Israel. O Papa não teve problema algum para deixar-se utilizar como arma de propaganda daqueles que procuram a deslegitimação e demonização do Estado Judeu. Os portavozes da Autoridade Palestiniana utilizaram a visita papal para reiterar o “direito de retorno” –quer dizer, a inundação de Israel com estrangeiros árabes com a intenção de destruir demograficamente o Estado.

A peregrinagem do Papa é um exercício calculado de hipocresia, falsidade e mentiras. O Papa poderia ter derramado bágoas de cocodrilo em Yad Vashem, mas está muito longe de sentir remordimento pelo Holocausto. A sua Igreja tem sido concienzuda no labor de lavar a sua image dos anos da guerra, restituíndo a bispos negadores do Holocausto, promovendo obscenas e absurdas comparações entre os názis e as IDF, assim como apoiando a Conferência de Durban II, onde um dirigente negador da Shoá e promotor do genocídio ánti-judeu foi a estrela destacada. O Papa vem de lançar uma campanha para exonerar ao Papa Pio XII, o Papa que fechou os olhos mentres os judeus de Roma e congregavam baixo a sua janela. O Papa provocou um tremendo escândalo quando anulou a excomunhão contra um bispo que afirma que não há provas de que as câmaras de gas tenham existido, e só dou marcha atrás ante a protesta internacional. O Cardenal Renato Martino, cabeça visível do Conselho Vaticano de Justiça e Paz e antigo enviado observador na ONU, também provocou uma treboada quando dou pábulo ao libelo revisionista de que Gaza hoje é como um campo de concentração názi. Para além deste lamentável cúmulo de negações do Holocausto, ofuscação e negativa a afrontar o passado, manteve um encontro com o dirigente de Fatah, Mahmoud Abbas, cuja disertação doutoral consistiu em questionar a veracidade da Shoá e insinuar que os dirigentes sionistas colaboraram com os názis no extermínio da judearia europeia. Abbas escreve na sua Tese: “Semelha que o interesse do movimento sionista, sem embargo, é inflar o número [dos mortos no Holocausto] a fim de que o seu ganho seja maior. Isto leva-os a enfatizar o número [6 milhões] a fim de granjear-se a solidariedade da opinião pública internacional para o sionismo. Muitos estudosos têm debatido a cifra dos seis milhões e chegado a conclusões surprendentes –fixando o número em só uns centos de milheiros”. Este moderado negador do Holocausto esteve implicado também no assassinato em 1972 dos tletas israelis nos Jogos Olímpicos de Munich, assim como em incontáveis atentados terroristas.

O Vaticano tem promovido constantemente a internacionalização da cidade de Jerusalém, fazendo-se eco duma exigência palestiniana. Só a partir de 1993 o Vaticano reconhece a Israel. A razão da sua hostilidade é que o Estado de Israel e a soberania nacional sobre Jerusalém supõe um tremendo problema teológico para o Catolicismo. A doutrina da Igreja ensinou durante milênios que os judeus eram culpáveis, condeados a vagar sem um fogar como prova do seu rechaço face Jesus, e que nunca regressariam a Israel. Em 1948 –e depois novamente em 1967- um tema espinhoso apresentou-se-lhes aos seus teólogos. Exprimindo o apoio a um Estado “palestiniano” na terra “dos seus ancestros”, o Papa não faz senão continuar com essa mortífera impostura teológica. Poderia-se pensar que o sumo pontífice da Igreja Católica tem um mínimo conhecimento do que dizem as Escrituras, que afirmam claramente que a Terra de Israel pertence ao povo judeu. Também deveria saber que jamais tem existido ao longo da história um Estado “palestiniano”, nem sequer um povo, cultura ou entidade “palestiniana”. De facto, o “povo palestiniano” foi inventado em 1967 quando os árabes concluíram que era hora de adoptar uma nova estratégia para botar aos judeus ao mar. O povo mais antigo do mundo, com ligações anteriores inclusso aos tempos da Bíblia, de há uns 3500 anos, não é previsível que vaia a prescindir da sua Terra para fazer sítio ao povo mais recente da história, uma entidade artificial criada há 42 anos. O povo ao que hoje se referem como “palestiniano” são okupase invasores, procedentes no século XX de Jordânia, Egipto, o Magreb e Síria, atraídos pelo crecente nível de vida provocado com o reassentamento judeu em Israel.

O Vaticano é avondo insolente. Os primeiros imigrantes judeus do Leste europeu chegaram a Israel porque o ódio promovido pela Igreja Católica tinha convertido a sua vida em algo insuportavelmente misserável para o povo judeu. Durante toda a nossa estância nos territórios católicos, jamais tivemos um momento de descanso, sendo perseguidos e oprimidos. A Igreja ensinava que os judeus eram perversos, filhos de Satám, e obrigavam-nos a luzir distintivos na roupa e a viver em ghettos. Milheiros de judeus morreram sob as espadas dos Cruzados ou nos aparelhos de tortura da Inquisição Católica. Comunidades inteiras de França e Alemanha foram exterminadas durante as Cruzadas, e multidões queimadas vivas nos seus fogares mentres se lhes exigia: “Beija a Cruz ou beija a Espada!”. O Holocausto, o mais horroroso crime jamais cometido pela humanidade, só foi possível graças ao ánti-semitismo sementado durante dois milheiros de anos pelos Cristãos. Tras contemplar uma representação de A Passião de Cristo em 1934, Hitler dixo: “Vou render ao Cristanismo o melhor dos servizos!”. O Papa agora vem à nossa terra a exigir-nos que a entreguemos. Os judeus marcharam dos pagos da Cristandade, e a Cristandade persegue-nos para dizer-nos que regressemos ao exílio, à subjugação e a misséria.

Gostaria-me lêr ao Pontífice o Livro de Joel. Seguro que lhe interessaria o que diz o seu quarto capítulo sobre o destino dos que dividam a Terra de D’us: “Removerei o cativeiro de Judea e de Jerusalém. Congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herdança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra… O Egipto se fará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judea, em cuja terra derramaram sangue inocente. Mas Judea será habitada para sempre, e Jerusalém de geração em geração. E purificarei o sangue dos que eu não tinha purificado; porque o Senhor habitará em Sião”. 61 anos depois de recuperar a independência, e 62 depois da libertação de Jerusalém, Yehuda e Shomron, a comunidade internacional aínda nega os nossos direitos nacionais. Não devemos temer nem sequer que Edom (a Igreja e Occidente) se convertam num “ermo deserto”, “Judea vivirá por sempre!”.

O Papa pode vir e marchar. Mas o povo judeu está firmemente decidido a defender o seu fogar.


BAR KOCHBA (FOR ZION’S SAKE)

20 Iyar 5769 / 14 Maio 2009)

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