Nenhuma pessoa medianamente informada pode estar surprendida de que o Papa Benedicto XVI apoie o estabelecimento dum Estado palestiniano soberano nos territórios de Yehuda e Shomron, incluíndo Jerusalém Leste. Benedicto sabe de sobra quais são os lugares sagrados do Povo Judeu. E conhece a significância teológica do Monte do Templo.
Ninguém se terá sentido gratificado pelas fraternais palavras que tenha exprimido durante a sua tournée por Israel. O Professor Joseph Alois Ratzinger não é parvo. Sabe que um Estado árabe-islâmico no coração de Israel condea a morte ao Estado Judeu. Mas ada a doutrina da infalibilidade papal ante a que se genuflexionam os católico romanos, o renascimento do Estado Judeu em 1948 é um óso atravesado na gorja de qualquer bispo de Roma.
O renascimento de Israel é um dos eventos mais surprendentes da história. Este sucesso tem suposto, e continua a ter, tremendas repercusões para boa parte da humanidade. Atónitos e avergonhados, os teólogos cristãos (assim como os muçulmãos) têm-se visto abocados a fazer todo tipo de gimnásias mentais para explicar-se o regresso do Povo Judeu ao seu antigo fogar.
A cristandade católica acha-se especialmente desconcertada. Durante milênios a Igreja tem propagado a doutrina teológica de que os judeus estavam eternamente condeados, rechaçados pelo Todopoderoso por ter-se negado a reconhecer ao Nazareno. Não importa se o Vaticano rechaçava reconhecer o Estado de Israel até há bem pouco. Este fragmento da revista jesuíta Civilta Cattolica fala por sim só:
Têm transcorrido1827 anos desde a profecia de Jesus de Nazaret de que Jerusalém seria destruída, de que os judeus sofririam exílio como escravos entre as nações e permaneceriam dispersos até o fim dos tempos...Dacordo com as Sagradas Escrituras, é consustancial com o Povo Judeu viver eternamente disperso e errante entre as nações gentis, a fim de dar testemunha de Jesus, não só mediante os escritos, senão mediante a sua própria existência. Dado que Jerusalém tem sido reconstruída, para convertir-se no centro do Estado de Israel, estamos obrigados a admitir que isto supõe uma contradicção directa da própria profecia de Jesus.
Em 1948 o Vaticano, num programa da rádio inglesa, saudou o novo Estado de Israel descrevendo o sionismo como uma “nova forma do nazismo” e a Israel como “grave ameaça para a Cristandade”. Aparentemente, a Igreja Católico Romana não podia reconhecer o Estado de Israel sem pôr em questão uma religião que esteve comprometida pela sua participação e cumprizidade na perseguição e massacre de milhões de mulheres, crianças e homens judeus [Veja-se “Caminhos da Torá” (Jerusalém: Yeshivat Aish HaTorah, 1988), Sect. A14, para dar um breve repasso a 1900 anos de ponzonhoso ódio face o Povo Judeu procedente de destacados cristãos como Tertuliano, o Santo João Crisóstomo, o Santo Gregório, o Papa Inocêncio III, o Papa Paulo IV, ou o Papa Pio VII].
Considerade a terrível matança de judeus perpetrada pelos católicos lituanos o 25 de Junho de 1941. Mais de 10.000 foram torturados, desquartizados, disparados ou queimados vivos. [Veja-se Aaron Sorasky, Reb Elchonon (Brooklyn, N.Y.: Mesorah Publications, 1982), p. 407].
Em Fevereiro de 1992, Argentina desclassificou os seus arquivos sobre os criminais de guerra názis. Os documentos revelam como a Igreja Católica colaborou na fuga destes názis. Outro tanto do mesmo pode dizer-se da ierarquia da Igreja Católico Romana francesa [veja-se o The Jerusalem Post, Feb. 9, 1992, p. 10] .
Reflexione-se também sobre as audiências que o Papa João Paulo II concedeu ao chefe da OLP, Yasser Arafat, padrinho do terrorismo internacional. Tem-se dito em defesa do Papa, que fazia uma distinção entre o pecado e o pecador.
O judaísmo também faz esta distinção, mas os rabinos não chocam as mãos manchadas de sangue de assassinos –como não o deveriam fazer muitos políticos mesquinhos. Parecem-vos duras estas palavras? Daquela deixade-me lembrar um acontecimento acaecido em 1929.
Naquele ano os árabes, com a complacência britânica, permitiram-se uma orgia de violações e assassinatos que destruiu a antiga comunidade de Hebron. O Governo do Mandato Britânico convidou a prominentes judeus à Sede do Governo, pretendidamente para exprimir as suas condolências por um pogromo que incluíra as mais selvagens mutilações de homens, mulheres e crianças.
Quando o Secretário britânico do Governo do Mandato extendeu a sua mão para amosar as condolências ao Rabino Chefe Abraham Yitzhak Kook, o líder religioso da etapa pré-estatal, aquele grande rabino rechazou a mão dizendo que era uma mão “manchada de sangue judeu”.
Promovendo um Estado árabe-islâmico em Yehuda e Shomron, o Papa Benedicto XVI está fazendo mais que 1.000 milhões de católicos no apoio dos inimigos do Estado judeu aos que ele chama “irmãos”.
Com uma ameaça de genocídio golpeando no rosto de Israel, não é momento de cortesias.
PAUL EIDELBERG
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