NETANYAHU E OBAMA

E curam superficialmente a ferida do meu Povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jeremias, 6:14)



Nunca tenho acreditado na hipótese de que os indivíduos determinem a história. Podem provocar ondas, sem dúvida, mas pouco mais. De não o ter feito Stáline, teria sido Trotsky quem enviasse aos russos aos gulags a conformar um “exército de trabalhadores” para acadar a industrialização a grande escala. Ernst Rohm poderia ter estado mais decidido a levar adiante o Holocausto que Hitler, que vacilou e intentou inicialmente expulsar aos judeus antes de decidir-se a exterminá-los. Com Obama sucede outro tanto.


Os grandes países, como os EEUU, agem com enorme inércia e os seus dirigentes democráticos não a podem dominar durante o seu breve período de permanência no poder. Um só homem não pode re-orientar um país de dúzias de miles de diplomáticos, centos de miles de pessoal de inteligência, milhões de militares, e dezenas de milhões de burócratas e empregados do Governo. Um sistema fechado esmera-se em controlar as alterações e recompôr a sua orde.


O caso Obama aínda é mais simples. Se é um reformista, como o que toda a sua equipa está formada por veteranos políticos desvergonhados? Previsivelmente, Obama está fracassando em todos os terrenos. Em economia, o seu Governo tem incrementado o gasto beneficiando aos seus amigos. Em assuntos militares, Obama atem-se às estimações de retirada de Irak estabelecidas por Bush. Em política, fracassou em normalizar as relações com Rússia e Iran, e o seu único amigo na esfera intermnacional é Hugo Chávez.


Nem Netanyahu poderá cambiar nada. Os judeus estám demasiado horrorizados como para reter Jerusalém a toda costa; uma Jerusalém que acreditam que pertence aos mais numerosos e poderosos cristãos e muçulmãos. O controlo judeu da cidade nunca foi entusiasta: na realidade, Israel só estabeleceu a sua jurisdicção sobre o Bairro Judeu, que é precisamente isso: um bairro da Cidade Velha. O Monte do Templo esteve sempre em mãos muçulmãs, e os judeus renunciaram a estabelecer a sua jurisdicção nem sequer sobre as ruínas: a maioria dos túneis estám fechados e os lugares subterrâneos sem excavar.


O previsível é um ingrato negócio a curto prazo; demassiados factores afectam aos grandes temas.


A política de Obama respeito a Iran fracassará. Não tem nada que pôr sobre a mesa para os ayatolas. Eles não querem negociar no terreno económico, senão no da grandeza, na sua vida e no mais alá. Curiosamente, a posição de Obama é avondo semelhante, embora ele se apresente a sim próprio como um racionalista. Obama não pode oferecer aos ayatolas nada que poida reafirmar a sua grandeza tanto como uma bomba nuclear; o clube nuclear é uma instituição muito exclussiva. A oferta de Obama de reconhecer o domínio territorial de Iran é uma bagatela: com as nuclears, Iran terá esse domínio para além das manifestações de Obama. Sem nucleares, Obama não pode obrigar às sunitas Arábia Saudi e Egipto a que cedam o domínio regional à chiíta Iran. Especialmente Arábia Saudi não pode aceitar uma posição de preponderância de Iran, na medida em que isso debilitaria o controlo petrolífero saudi numa região pragada de chiítas. Baixo a pressão sunita, que os EEUU rematem por admitir o ataque israelita contra Iran é acda vez mais provável.


A política de Obama respeito os palestinianos está chamada ao fracasso também. Hamas convertirá-se no partido dominante ou, quando menos, terá poder de veto tras as vindeiras eleições, e bloqueará qualquer tipo de concesão a Israel. Seguindo a linha iraniana de avivar o conflito e manter uma actitude honesta face os seus princípios nacionais e islâmicos, Hamas insistirá no direito de retorno, desmantelando todas as vilas israelis para além das fronteiras de 1948, e propugnarão uma trégua mais que uma paz. Como Bill Clinton, Obama rematará odiando aos palestinianos que torpedearam os seus melhores esforços.


O ataque israeli contra Iran também não é que vaia cambiar muito as coisas. Iran já tem re-distribuído boa parte do seu urânio refinado a túneis ocultos sob as montanhas e dispersado os centros de refinamento do urânio camuflando-os no meio de bairros residenciais. Corea do Norte tem subministrado a Iran quantidades adicionais de urânio enriquecido e provavelmente plutônio. Entre Corea do Norte, Síria, Venezuela e os seus próprios emprazamentos secretos, Iran conta com espaó de sobra para desenvolver tranquilamente a bomba.


O Governo israeli não deveria asinar tratado algum com os palestinianos, mas os factos já avanzam por diante sobre o terreno: Israel não tem controlo sobre as áreas palestinianas que constituem de facto um Estado. A capitulação que, na realidade, já se tem dado continuará devagar com concessões não recíprocas aos árabes que culminarão no reestabelecimento do controlo cristão/muçulmão sobre Jerusalém.


Dezenove séculos atrás, os judeus não foram expulsados de Judea. Enfrontado a problemas económicos, a invasão de colonos paganos, e ameaças externas, o nosso país sumiu-se na insignificância e foi finalmente despovoado mediante a emigração.


No pior dos cenários, a história voltará a repetir-se.



OBADIAH SHOHER


22 Iyar 5769 / 16 Maio 2009


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